Nice.Vitor 13/04/2022
Valiosa obra sobre o canto congregacional na Escritura.
Essa obra é a busca, através da Escritura e da História da Igreja, de como a música também se demonstra como importante apresentador da saúde espiritual cristã e como uma atenção a uma séria e boa teologia bíblica afeta o modo como cantamos no louvor congregacional. Há também um forte interesse de gerar engajamento nos leitores quanto a composições autorais para os cultos dominicais. Marco Telles é um artista nordestino, sendo o principal produtor do Coletivo Candiero, selo de uma comunidade de artistas (15, atualmente) comprometidos com boa música cristã abrasileirada, com beleza e boa teologia. Estão aí pra espalhar "Marat Sá" por todo canto. Há belas canções congregacionais desse grupo musical. Ele tem um background de teologia reformada, que pode ser notada durante suas argumentações, principalmente no aspecto das discussões teológicas em torno do livro.
Na Parte 1 o autor se desenvolve através do registro do Antigo Testamento, passando pelo Pentateuco, livros históricos, Salmos e os Profetas. Ele faz isso desenvolvendo quem foi o "pai da música", como era a relação de Moisés com a música, como era música na época de Moisés, como o cântico de Moisés é escrito, como a música foi benéfica para o povo de Deus, quando foi que a música ganhou destaque nos livros históricos, como Davi teve forte influência com música no culto a Deus, se levitas e músicos são necessariamente a mesma coisa, qual o motivo de Davi ter acrescentado músicos ao culto, o que podemos tirar de ponto de referência de 1Cr 25:6 e 7, qual o erro de ignorar a importância da música para o Cristianismo, o que torna o livro de Salmos tão especial, um guia interpretativo para os 5 livros dos Salmos, como podemos aprender com os cânticos do Servo Sofredor em Isaías e com "a pausa" em Jeremias. Na Parte 2 o autor se desenvolve através do registro do Novo Testamento, passando pelos relatos do Evangelho, as cartas e a Apocalipse. Ele faz isso desenvolvendo o momento em que Cristo cantou hinos em Mateus e Marcos, as 4 canções de Lucas, o quanto os apóstolos legaram da herança poética judaica nas cartas, como o enchimento do Espírito se manifestou em canto na História da Igreja, a conclusão de ver como as cartas lidaram com a música, a discussão sobre os trechos poéticos no NT (envolvendo salmodia exclusiva), as canções em Paulo, a canção em Hebreus, a abrangência de significado na tríade paulina (salmos, hinos e cânticos espirituais) e as canções em Apocalipse. Na Parte 3 o autor se desenvolve através das composições e histórias de músicos através da História da Igreja. Ele faz isso desenvolvendo os exemplos da Baixa Idade Média com: Gregório Magno, Hildegard de Gingen, Francisco de Assis e Adam de La Halle; dos reformadores: Lutero, Calvino e Zuínglio; hinólogos de referência: Isaac Watts, Charles Wesley, John Newton, Horatio Spafford e Fanny Crosby; e encerra com um exemplo da história recente da música cristã brasileira: Paulo César. Na Conclusão o autor apresenta sua máxima, de que uma igreja saudável sabe cantar.
Creio que há uma arte bem feita no livro. O autor escreve muito bem, não se perde em elucubrações. Ele, muitas vezes, tem até um trato poético naquilo que diz. De forma geral, ele responde suas propostas ao longo do livro. Suas explicações são boas e seus argumentos também. Estou absolutamente convencido pelas propostas do autor.
Esse livro é extremamente recomendado para pastores e plantadores de igreja, pois o livro tem esse forte apelo para apresentar a música como um aspecto importante da avaliação da saúde de uma igreja. Também é de extrema importância para todo e qualquer membro do ministério de louvor de suas congregações, será essencial para ver a relevância de se atentar para a qualidade das letras escolhidas e para serem encorajados a criarem uma cultura de composições autorais no canto congregacional. Ademais, todo irmão interessado no louvor a Deus no canto comunitário e em ajudar na/avaliar a saúde da comunidade local terá muito a usufruir com essa obra.