spoiler visualizarKel 14/10/2022
Já com saudades de Nanao!
Trem Bala é mais um livro escrito por autor oriental que prova que um grande número de páginas não significa uma leitura enfadonha, muito pelo contrário. O livro se passa em um trem, cujo destino final é a estação de Morioka. Conta com cinco personagens principais que possuem fala ao longo de capítulos próprios e os demais que entram para apimentar e dar liga á estória como diversos assassinos. Nanao, mais conhecido como joaninha é quem abre a estória e, se fossemos escolher um orador nessa turma, seria ele, pois é em seus capítulos que a estória é contada com mais fluência. Pois bem, todos os que estão no trem tem uma missão: impedir outras pessoas de cumprirem com seus planos até Morioka. Nanao está atrás de uma mala que está em posse de Limão e Tangerina, dois bandidos escolados que trabalham em dupla contratados por Mineghishi o chefão rico para transportar em segurança seu filho e uma mala. Tangerina é mais inteligente enquanto Limão é mais ligado em coisas infantis como o programa Thomas e seus amigos sobre trens, e isso deixa os capítulos deles um tanto monótonos e compridos, pois ele explica a teoria dos trens, quem é bom, quem é mal, de quem se deve desconfiar, porém ao final do livro isso retorna como bônus de inteligência entre a comunicação dos dois quando a comunicação verbal já não é mais possível, então dei ao autor um voto de grande sacada, inteligente amarração desses personagens. Temos também meu personagem favorito, O Príncipe, um aluno de ensino fundamental simplesmente sádico e cruel, que se aproveita da fraqueza das pessoas para se deleitar em seu sofrimento. É ele quem deixa Wataru, filho do personagem Kimura em coma ao atirá-lo de um prédio, aqui o autor também acerta ao colocar um personagem muito jovem com tamanha crueldade e mostrá-lo aos leitores sem um pingo de remorso, fazendo com que nos concentremos em um final condenatório certo para ele. Kimura, o pai do garoto em coma é um dos personagens mais sem graça, ele é bêbado, faz parte do submundo do crime mas sem obter muito sucesso e seus pais não dão crédito nenhum a ele, com razão. É triste ver a falta de esperança desse personagem ao se encontrar com o príncipe dentro do trem e descobrir que ele é o responsável pelo estado de seu filho, ele não consegue confrontar, nem enfrentar, muito menos incapacitar o príncipe cujo intelecto somado a falta de empatia o torna incrivelmente superior. Voltando a Nanao, o personagem azarado, responsável por grande parte de humor do livro, ele é encantador e ver as coisas dando errado para ele para depois se curvarem em sorte surreal é muito legal, nos faz torcer por ele, e é ele também quem consegue entrelaçar os demais personagens distribuídos entre os vagões, afinal o livro é pura perseguição. Há morte, mais perseguição, reviravoltas, descobertas e o grande triunfo final é a entrada dos Kimura (os pais idosos) no trem, ah esse final é sensacional, adorei o fato de o autor dar vida e glória a personagens até então só citados ao longo do livro. Tudo se encaixa e cada um tem o final que merece, até mesmo o chefão Mineghishi! É um livro eletrizante, cujo nível se mantém alto (exceto nas partes de Tangerina e Limão) e que definitivamente merece atenção. Um dos melhores do ano. O filme com Brad Pitt também é bom, mesmo com muitas mudanças nos personagens e na condução para o final, porém a essência está ali, então não desabona de todo, exceto o fato de meu personagem favorito, o Príncipe, um garoto, ter sido interpretado por Joey King, excelente atriz, porém seu texto foi catastroficamente modificado.