grazisapienza 19/05/2024
Beleza Letal
Pouco se vê deste gênero do terror que é pouco aproveitado de forma geral tanto na literatura quanto no cinema que é o terror botânico (e quando feito, costuma ser tosco, com exceções), mas fico muito feliz de Gótico Mexicano ter me apresentado esse subgênero.
Com autores, pelo menos pra mim, bastante desconhecidos de maneira geral (fora Hawthorne e sua letra escarlate), eu devo dizer que fiquei bastante feliz com a maneira que a maioria dos contos se desenvolveu. Não vou mentir que tive maior preferência pelos contos em que a natureza se passava por mais combativa e macabra, pois daí para mim vinha a graça do horror, mas o último conto me surpreendeu bastante.
O livro é um misto de amostragens tanto de como a natureza em si se relaciona com o homem - seja amando-o, odiando-o ou se vingando do mesmo - quanto a natureza como "vítima" do homem, sendo cobaia de seus experimentos e da sua megalomania no ímpeto de serem reconhecidos. E esse equilíbrio foi algo que eu achei essencial para o livro em si não se tornar chato ou repetitivo. Fora 1 conto em particular (que será citado aqui de maneira isolada) todos os outros conseguiram transmitir a atmosfera da natureza como algoz, vítima ou ambos de maneira muito boa. E faço menções honrosas à Voz na Noite, Carnivorina e A Filha de Rappaccini que foram meus favoritos! Abaixo, a minha impressão por contos e a nota individual que dei a cada um (a nota do livro foi a experiência geral):
O Homem que As Árvores Amavam
4/5 ?
Eu gostei bastante justamente dessa premissa do homem sendo protegido e tomado pela natureza ao mesmo tempo, como que fosse uma relação amorosa e espiritual com a mesma.
Só os faniquito da esposa me dava um pouco de nervoso às vezes.
A Glicínia Gigante
1.5/5 ?
Tentou fazer um misto de horror com comédia talvez, mas falhou terrivelmente fazendo perder todos os pontos de tensão e todas cenas que poderiam vir a justificar isso. Achei horrendo.
O crime de Micah Rood
3.5/5 ?
Bem melhor! Uma narrativa bem mais clara, concisa e o terror mantido justamente baseado nos "pecados" de Micah foram bem apresentados, assim como o desfecho dele. Mas sinto que faltou algo ainda.
O Freixo
2/5 ?
Extremamente parado, final melhorzinho e explicou tudo mas eu ja tava de saco cheio porque era um falatório completamente desnecessário e que não adicionava literalmente NADA à narrativa. Fora muito no finalzinho. E gostei da parte de predição com as escrituras bíblicas. Foi o que salvou do 1.5/1.
A Voz na Noite
4/5 ?
Me cativou muito mais a história em si tanto dos náufragos quanto de seus dramas diários e com as descobertas aterrorizantes no geral. A história também é lenta, mas eu sinto que o drama colocado justamente na realização do desespero e da aceitação do destino perdido foram 10/10.
Wood'stown
4.5/5 ?
Não achei que ia dar 5 em algum conto mas nossa! Reuniu tudo o que eu estava querendo. É um conto dinâmico onde temos uma natureza mais combativa e direta, é rapido e se explica tranquilamente no geral. Gostei bastante.
A vingança de uma Árvore
4.5/5 ?
Adorei, novamente muito cercado de dinamismo com uma história concisa do inicio ao fim. Eu gosto muito do fato da natureza ser vingativa e combativo (?). Não sei dizer, mas me passa uma sensação boa e me da mais medo acho.
Carnivorina
4.5/5 ?
Eu gostei porque me lembrou um pouco a vibe de Aniquilação sem a parte "sobrenatural" da coisa. Mas realmente, apesar de ser mais lento, foi algo muito interessante ver o nível de dedicação à loucura de querer aperfeiçoar algo para se tornar um predador (e que se tornaria muito melhor adaptado para caçar em terra que qualquer exemplo que epe deu). Achei um conto interessante gostei bastante do desdobramento geral.
A Filha de Rappaccini
5/5 ?
Adorei a história e posso dizer que foi a melhor delas, de longe.
Essa eu posso dizer que sim, acabou tendo um que de ficção-científica em sua inspiração principal (de forma mais expressiva)... apesar de que né? Trouxa apaixonado que escutou mais a cabeça de baixo que a de cima, sina que leva a perdição de todo homem ?