Patty Pizarro 10/04/2023Muito bomO NHS (Sistema Nacional de Saúde), assim como o Sistema Único de Saúde, é universal, gratuito e com financiamento por meio da arrecadação de impostos. Ele foi criado em 1948 e o nosso sistema foi inspirado nele. Assim como o SUS, o NHS não é perfeito, mas funciona, mesmo com toda precariedade.
"Em 2015, a Secretaria de Saúde Britânica anunciou que os médicos teriam um novo contrato, o que os levou a protestarem. O governo não quis negociar, e sem alternativas, esses médicos optaram pela greve. O governo os fez parecer gananciosos, a população não os apoiou, e ele tiveram que engolir o novo contrato.
Adam Kay assistiu a tudo isso de longe, já havia desistido da medicina em 2010, quando ele chegou ao seu limite. Ele sabia o motivo dos protestos, sabia o quanto aqueles médicos estavam sendo injustiçados e decidiu pegar seus diários - escritos enquanto trabalhava na NHS - para mostrar ao mundo quão sobrecarregado e precário era o sistema de saúde britânico, quem sabe assim a população percebesse quão ridícula era a posição do governo. Será que ele conseguiu?"
Se ele conseguiu conscientizar a população do seu país eu não sei, mas comigo ele obteve sucesso.
É praticamente desumano o que o sistema de saúde britânico faz seus médicos passarem, cargas horárias extensas e que nunca são respeitadas (sempre são excedidas), exaustão, psicológico abalado e distanciamento da família, são os frutos de anos de estudo para exercer uma profissão que além de pagar mal lhe tira tudo o que há de valor, a família, os amigos, os relacionamentos....Como se tudo isso não fosse o bastante, ainda existem os pacientes mal-educados, as excentricidades de alguns casos, a chefia que não ajuda.
Ele conseguiu me tirar boas risadas com essa leitura, sendo ginecologista obstetra eu imaginei que um dos motivos de sua desistência seriam a muitas mães histéricas que imaginam o médico comk um Deus ou um empregado, mas não foi o que aconteceu. Ele soube dosar muito bem os acontecimentos peculiares e engraçados, com os de maior gravidade ou l tristes, mas não estava preparada para o final. É impossível imaginar como o autor se sentiu quando vivenciou as últimas páginas desse livro, mas é completamente compreensível o que o fez mudar de carreira.
Não sei se aqui no Brasil existem as mesmas falhas, gostaria que não tivesse porque não me parece justo com o médico ou com o paciente que a causa de tantos problemas/erros seja o desgaste físico daquele que está ali para cuidar.
Gostaria de ler algo semelhante escrito por um médico brasileiro do SUS, certamente daríamos mais valor ao que temos aqui e lutaríamos de forma muito mais expressiva por sua manutenção e melhorias.