Coisas de Mineira 09/12/2023
CORTE DE MEL E CINZAS É UMA FANTASIA URBANA COM AS CORTES FEÉRICAS E UM LAR ANCESTRAL EM PERIGO
Alli, uma feérica mestiça, terá de provar que não foi a responsável pela destruição do lar ancestral dos Seelie e Unseelie.
Corte de Mel e Cinzas é o primeiro livro da trilogia Mel e Gelo, escrito pelas autoras Shannon Mayer e Kelly St Clare, publicado pela Editora Astral Cultural. É uma história com a magia do mundo feérico em meio a pessoas normais, um mistério ancestral, e uma meio humana/meio feérica tentando encontrar seu lugar ao sol.
Já nos primeiros capítulos seremos apresentados à Kallik, que está na parte final de uma competição para provar que, apesar de mestiça, tem os atributos para pertencer à elite Feérica. Por conta de sua parte humana, Alli sabe que tem de se esforçar muito mais, mas ela quer a tranquilidade que essa vitória significaria em sua vida.
Foram oito anos de treinamento em Underhill, o lar ancestral das cortes Seelie e Unseelie. Oito anos brutais, principalmente para Alli, órfã e sem família para ampará-la – por isso seu nome é Kallik de Casa Nenhuma. Mas ela usou isso para se fortalecer. E conseguiu.
Entretanto, ao fazer seu juramento perante a oráculo, tudo deu errado. A faca cerimonial, com o sangue de Alli, é fincado no chão, e é quando Underhill – a fonte da magia Feérica – entra em colapso.
"O número “666” não foi uma coincidência. Os outros feéricos não sabiam quem eu realmente era, mas a esposa do rei havia estabelecido o padrão de como tratar “a mestiça” desde que eu era bem pequena."
RESENHA DO LIVRO CORTE DE MEL E CINZAS DE SHANNON MAYER E KELLY ST CLARE
Ninguém pareceu perceber que o sangue de Alli foi o responsável pela destruição, já que todos estavam preocupados em salvar a própria vida. Todos foram encaminhados para longe do local, e transportados para o reino seelie. Acostumada a ser invisível, Alli acredita que poderá passar sem ninguém a culpar pela destruição. Bom, ela sabe que vai ser difícil escapar do escrutínio da rainha, que a odeia, e por isso a coloca no pior quarto do castelo.
Alli aproveita para se reencontrar com Cindy, sua melhor – e provavelmente única amiga. Mas, no dia do baile em comemoração à formatura, Alli descobre que sua destruição não passou despercebido como ela imaginou, e, ao entreouvir uma conversa, decide fugir.
O problema é que o único local que a receberia é o Triângulo, um local no Alasca onde muitos humanos desaparecem, e onde a escória das cortes seelie e unseelie busca refúgio. Ela acredita que as respostas para o que aconteceu realmente à Underhill estejam lá.
"A magia não apenas some. Havia uma sólida razão por que Seelies e Unseelies tivessem que coexistir. Quando Seelies usavam magia, eles criavam vida. Quando Unseelies usavam magia, eles a drenavam. A equação mágica se equilibrava quando habitávamos os mesmos lugares. Era por isso que as sempre compartilhavam uma área."
UNDERHILL E O TRIÂNGULO DO ALASCA
Corte de Mel e Cinzas é aquele livro para se divertir. Com a promessa de encantar os leitores de Holly Blake, Sarah J. Maas, Jennifer L. Armentrout, as autoras vão trazer o mundo feérico para uma convivência pacífica com os seres humanos. Temos o ponto de vista da Kallik, e, apesar de focar no presente, traz alguns flashbacks, que ajudam a compreender a situação dela, inclusive em relação aos personagens coadjuvantes.
A começar pela Cindy. Ela é uma amiga de Alli bem antiga, fiel à amizade, um verdadeiro apoio. Uma pena que seja retratada como uma mulher que encanta pelos atributos físicos e culinários. Ela é muito mais que isso. Também temos o interesse romântico de Alli – Faolan. Ele é unseelie, conhece Alli desde quando ela estava no orfanato, e desenvolveram uma estranha relação. Ela o idolatra, ele a repudia. Bom, se você se lembrar de como o Cardan tratava a Jude, é isso aí. Nesse caso, com o complicador de pertencerem a cortes diferentes.
Eu adorei a questão do Triângulo do Alasca – ele realmente existe! É uma região desértica entre Utqiagvik, Anchorage e Juneau, onde estima-se que mais de 16 mil pessoas já tenham desaparecido – adoro fatos aleatórios. É justamente onde os feéricos desgarrados se concentram, e onde a entrada de Underhill deveria estar. Alli foge para o Triângulo, e é lá que vai encontrar alguns feéricos bem poderosos que vão ajudá-la a encontrar sua magia e as respostas que busca.
'"Por infelicidade, o único lugar que me restava era aquele que me ensinaram a temer desde a infância. O lugar que o orfanato tinha usado como pesadelo para nos manter sob controle. A parte do mundo que, nos últimos tempos, até os humanos aprenderam a temer.
O Triângulo."
TEM PROBLEMAS, MAS É DIVERTIDO
Corte de Mel e Cinzas é frenético, tem ação do início ao fim. Só me incomodou a facilidade com o deslocamento dos personagens. Como exemplo, Alli demorou muito pra chegar no Triângulo, mas outros feéricos chegaram num piscar de olhos. Eram muitos facilitadores. Outro ponto, Alli de repente saber dirigir um carro. Ainda que explicado que o treinamento incluía a direção, e que os carros atuais são mais plásticos que ferro, os livros com feéricos sempre enfatizam como o contato com o metal é doloroso para os eles.
Outro ponto foi a relação com Faolan. Bem, caminhamos para um relacionamento proibidíssimo, porque eles pertencem a cortes diametralmente opostas: seelies são luz, vida, enquanto unseelies são escuridão, morte. Eu adoro um relacionamento impossível, cheio de drama, então vem aí. Quase tivemos um triângulo amoroso, mas, Drake, você nunca teve chance!
Em relação ao final, Corte de Mel e Cinzas me pegou de jeitinho. Ainda que boa parte da história seja previsível para fãs de fantasia, é uma história divertida, com a inserção de umas coisas diferentes, promissoras… e o final foi realmente frenético. Pode ser uma ótima indicação para leitores que querem começar a ler uma fantasia. E, adianto, o romance é só um suspiro. Então não vá esperando muito envolvimento – temos promessas, que para mim, são suficientes.
"Quanto mais velha eu ficava, mais distância ele colo- cava entre nós, o que só tornava minha paixão dez vezes pior. Pelo menos ele fora selecionado para a corte Unseelie dois anos antes de eu partir para o treinamento, e com isso eu soube que tudo ia acabar por ali. Não havia mistura entre as duas cortes: era estritamente proibido."
Por: Maísa Carvalho
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