Matheus Lopes 28/01/2014
Cru.
Poderia parar só com o título da resenha, mas poderia ser mal interpretado. "O amor é um cão dos diabos" é o segundo livro de Bukowski que leio (o primeiro foi "Ao sul de lugar nenhum", livro de contos). Admito que minha primeira experiência com o autor não foi muito gratificante, mas foi a partir do segundo livro que consegui entender muito mais sobre o que realmente é importante na sua escrita.
Diria que Bukowski é um autor difícil de se gostar se não for realmente afeito a boemia, bebidas e vida subterrânea. Muitos de seus poemas (e contos) são odes a relações sexuais, experiências com garotas próximo a escolas e tardes vagando bêbado pelas ruas: mas é aí que aparece a maior beleza de sua escrita. Repetitivo ou não, talvez seja essa repetição que trace toda a paixão poética do autor.
Ao meu gosto, diria que, a cada dez poemas, dois são muito bons e um está muito acima de qualquer medição. Para quem diz que Bukowski é apenas sexo e bebidas, poemas como "Garotas calmas e limpas em vestidos de algodão" e "Medo" são um grande tapa na cara. A reflexão feita em outros como "Alma", "Penicos" e "Agora, se você tivesse que ensinar escrita criativa, ele perguntou, o que você lhes diria?" são tão impactantes e essenciais que fazem você imediatamente fechar o livro e pensar sobre o que acabou de ler.
Por fim, os prós e contras do autor são parte da sua construção literária e são eles que tornam Bukowski, como diria Sartre, "o melhor poeta da América". Recomendo muito a leitura, acima de tudo com calma e no ritmo do autor, como poemas devem ser lidos!