A trégua

A trégua Mario Benedetti




Resenhas - A Trégua


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Renata CCS 18/10/2013

Às vezes me sinto infeliz simplesmente por não saber do que estou sentindo falta. (A Trégua, p.17)

Foram diversas as indicações e resenhas positivas aqui no Skoob que me fizeram ler A TRÉGUA de Mario Benedetti. Fui completamente fisgada pelo livro! É sereno, comovente, belíssimo. A narrativa em tom confessional, em forma de diário do protagonista, fez-me sentir mais do que uma simples leitora, mas uma espécie de confidente ou testemunha do percurso de sua vida.

Martín Santomé, à beira dos 50 anos, sente que já viveu mais do que tem pela frente. Ele é um homem só, viúvo há 20 anos, coube a ele a educação dos três filhos dos quais sempre se sentiu distante. O emprego burocrático numa repartição comercial esmaga seus dias e tudo o que ele mais aspira é a sua aposentadoria. Anseia por esses tempos de liberdade, mas ao mesmo tempo receia não saber o que fazer com todo o tempo que terá disponível. Até que aparece em sua vida a jovem Laura Avellaneda, a sua nova funcionária, que parece ser o que faltava para dar uma trégua na solidão e espantá-la para longe. Então apaixona-se! De forma inesperada encontra o amor no local de trabalho. Ela é muito mais nova, como se fosse, curiosamente, mais um lembrete do tempo. Surgem os receios: o medo da velhice e de ser rejeitado. Porém, é correspondido, renasce, comete algumas loucuras, é feliz e encontra alguma paz que precisava. Este livro é o seu diário de angústias, de felicidades, e é a sua coleção de aspirações e medos sobre o futuro e os seus pensamentos acerca do que viveu.

Benedetti narra aqui uma história que vai além das tradicionais narrativas românticas. Ele fala sobre solidão de um ponto de vista que é completamente devastador para quem lê, pois fala de dentro do vazio que todos sentimos em algum momento. E ao fazer isso, ele transporta o leitor para dentro da história e, a partir daí, não é mais possível largar o livro!

O autor escreve sem floreios, com uma simplicidade e honestidade que nos arrebatam logo nas primeiras páginas. Sua delicadeza e sutileza na forma como construiu um personagem tão complexo emocionalmente e aparentemente sem brilho - do tipo que constituem a maior parte de nossa sofrida humanidade - sua sabedoria para compor uma história emocionante a partir de fatos simplórios é o que mais me cativou em Benedetti. Ele tece uma narrativa engraçada e em alguns momentos irônica, transmite as suas conclusões e as suas observações de forma especial, com espírito crítico, mas ao mesmo tempo, com uma suavidade que só a beleza da escrita bem conseguida pode permitir.

A TRÉGUA discorre sobre questões como a redescoberta do amor, a busca da felicidade, seu verdadeiro significado e uma profunda reflexão sobre o tempo: o que já vivemos, o que ainda temos para viver e o tempo que temos a sensação que nos escapa.

Fiquei completamente arrebatada e encantada pela escrita de Mario Benedetti. Um livro que li como um segredo que tinha que saber ou um desabafo que não podia mais ser guardado.

Para ler e reler, sem trégua.
Nanci 18/10/2013minha estante
Renata,
Como já li, depois da sua resenha e de ter conhecido outro bom livro do Benedetti, só partindo para releitura - A trégua é um romance de muitas qualidades.
Beijo.


Arsenio Meira 19/10/2013minha estante
Renata, eis uma resenha que, espero, incentive outras pessoas a enveredar pelo caminho desse romance único, lindo e sensível, tão bem descrito por você, que é "A Trégua."


19/10/2013minha estante
Renata querida, não vale fazer uma resenha tão bonita que a minha fique quase sem graça. Adorei sua resenha amiga! Eu também me apaixonei por "A Trégua", chorei e fiquei com uma saudade qdo terminei. bjos!!!


VICKY 21/10/2013minha estante
Nossa Renata! Você me "fisgou" com esta resenha! Não conhecia este escritor, mas vou buscar esta leitura.


Joy 21/10/2013minha estante
Que resenha poética! Deu até vontade de reler este livro.
Beijos.


Renata CCS 21/10/2013minha estante
Obrigada aos colegas pelos gentis comentários!
Benedetti é mais do que um escritor: é um artista. Ele pinta com palavras. A sua prosa passeia pela poesia e conseguiu me encantar nas primeiras linhas. Juro que me emocionei logo nas primeiras páginas. Fiquei fascinada.


Helder 28/10/2013minha estante
Bela resenha. Tenho este livro em casa e está na minha fila faz tempo. Acho que vou passa-lo na frente de outros.


Manuella_3 01/11/2013minha estante
Amei esse livro, Renata! Sua resenha está perfeita, realmente nos envolvemos tanto com Santomé e ficamos apaixonados pela escrita de Benedetti!


Maria Luísa 07/11/2013minha estante
Benedetti sempre tem palavras para os momentos mais introspectivos, aqueles cujo silêncio parece silenciar toda uma vida, ainda que haja um coração gritante.


Mona 08/11/2013minha estante
Linda resenha, cheia de sensibilidade! Acabei de lê-lo e é realmente um livro marcante, uma história para levar por toda a vida.


Renata CCS 06/12/2013minha estante
Este foi o meu primeiro - e inesquecível - Benedetti . Não sei pq demorei tanto tempo para encontrá-lo. Sem dúvida, vou buscar outras obras deste escritor.


Isabelle.Moreira 27/11/2015minha estante
Delícia de resenha! Queria um adiantamento sobre o final, eles ficam juntos? Confesso que sou apaixonada pelas histórias que tem um fim tragicamente poético.


Carla.Gomes 23/06/2018minha estante
Também me senti confidente do Santomé e quantas vezes me identifiquei com ele.Lindo, lindo, um alento. Avelaneda...


Ferreira.Souza 08/11/2020minha estante
um livro fantástico




Flávia Menezes 29/12/2023

DON´T WAIT ON TOMORROW ´CAUSE TOMORROW MAY NOT SHOW.
?A Trégua? é o mais famoso romance do poeta, ensaísta e escritor uruguaio Mario Benedetti, publicado em 1960, tendo sido considerado uma das obras mais importantes da literatura latino-americana contemporânea.

Escrito em formato de diário, vamos acompanhando a vida de Martín Santomé, um homem prestes a se aposentar, que faz um relato honesto sobre a vida, família, amores e dissabores.

Ao procurar sobre a data de publicação deste livro, li que é especialidade de Benedetti escrever sobre relacionamentos, e foi interessante isso, porque foi exatamente essa a sensação que ele me deixou com esse livro. De que este é um romance que fala (e nos ensina!) sobre relacionamentos.

E aqui eu não estou me referindo apenas a relacionamentos amorosos. De fato, o que vemos é um olhar muito preciso do protagonista sobre todas as suas relações, sejam elas amorosas, familiares, de trabalho, ou até mesmo com amigos de infância, vizinhos e pessoas que cruzam seu caminho apenas para lhe servir algo em umas das cafeterias e restaurantes nos quais Santomé nos convida a acompanhá-lo ao longo da história.

É bela a forma como o protagonista apreende o mundo ao seu redor. Suas descrições de lugares e (em especial!) das pessoas é preciso e honesto, sem excluir as partes boas tanto quanto as ruins. E apesar de ser uma narrativa poética, de escrita agradável, ela também é recheada desse humor ácido (que eu amo!) que por mais maldoso que seja, chega a nos fazer rir (e como eu ri!).

Mas a maior beleza desta história está no fato de que seus personagens são reais. Eles acertam, se relacionam, erram e pecam como qualquer pessoa nesse mundo. E é exatamente por isso que esse livro nos encanta com tanta facilidade. Porque nessa dança da vida, onde ora acertamos os passos, ora muito desajeitados pisamos uns nos pés dos outros, vamos sendo envolvidos por ritmos e movimentos que mesmo quando desconhecemos, não há como escapar de por eles ser envolvido. E é exatamente essa a beleza desse romance.

É difícil colocar em palavras toda a magnitude que uma história como essa é capaz de nos proporcionar. Porque apesar de ser uma história de ficção, ela nos faz pensar nas relações que mantemos no nosso dia a dia.

Para mim, o mais impactante era o seu senso de presença que Santomé tinha. Ele era um homem vivendo o seu processo de envelhecimento, naquela crise do ?o que eu faço da minha vida depois de me aposentar??, e ainda assim, ele tinha algo que tanto falta no mundo atual: presença!

Entende o que eu quero dizer aqui?

Em um mundo frio de telas de celular e computadores, onde se diz tudo o que se quer, menos a verdade. Onde as fotos são cheias de filtro, e já não olhamos mais nos olhos uns dos outros ao falar. Onde a fala é por caracteres que não tem som e nem emoção. Onde falamos de qualquer jeito, e já não nos preocupamos em entender, porque hoje em dia se ouve mais para responder do que para compreender o que o outro tanto quer nos dizer.

Em um mundo de superficialidades, indiferenças e muitas mentiras ditas com tanta verdade, Santomé vem nos ensinar o poder de olhar para as pessoas ao nosso redor, especialmente aquelas com quem convivemos, sem pressa, observando cada detalhe, cada gesto, do mais simpático até o mais odioso, estabelecendo um contato verdadeiro com quem nos cerca porque são parte do nosso dia. São parte de quem somos no mundo! E nos relacionarmos com honestidade é o símbolo máximo do respeito, em um mundo onde essa palavra parece já ter desaparecido quase por completo.

Este livro é uma verdadeira lição, que não tem nada de perfeita, porque assim como na vida, Santomé também irá fazer suas tentativas e erros, mas o mais importante é que ele tenta! E é isso que ele vem nos ensinar.

Que belo livro para encerrar esse ano. Que escrita sublime de um mestre em relacionamentos. Que bela forma de passar uma mensagem tão importante sobre a vida. Que homem mais sábio foi esse uruguaio, e só posso dizer que já estou ansiosa para ler outros livros dele.

E só para admirar um pouco mais de uma obra que é um verdadeiro deleite, eu quero encerrar com uma parte desse diário de um homem que tanto me ensinou, chamado Martín Santomé, que retrata com maestria o poder e beleza desta história:

?Segunda, 3 de fevereiro

Ela me dava a mão e eu não precisava de mais nada. Bastava isso para que eu me sentisse bem acolhido. Mais do que beijá-la, mais do que deitarmos juntos, mais do que qualquer outra coisa, ela me dava a mão, e isso era amor.?
Débora 29/12/2023minha estante
Que resenha primorosa, Flavia!? Parabéns!?Também pretendo incluir outras obras dele em minha meta de leitura.


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Obrigada pelas palavras, Débora querida! ??
E que primor esse livro, não é? Bemedetti me surpreendeu imensamente. E que venham muitos dele para deixar nossas leituras de 2024 ainda mais especiais! ?


AndrAa58 29/12/2023minha estante
Mas um que entra na minha lista pelas suas resenhas ?
Obrigada ?


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Andrea, que ótimo ler isso!! Porque esse livro vai valer muito a pena! E tenho certeza de que ele vai ganhar um lugar muito especial na sua vida! ?


Débora 29/12/2023minha estante
Estou com "Correio do Tempo" para 2024. Espero que o prazer da leitura se repita Flávia!?


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Débora a capa desse, ?Correio do Tempo?, é linda! E eu vou ficar de olho nas suas postagens quando for ler porque fiquei curiosa sobre ele. ? Eu já deixei separadinho ?Primavera num espelho partido?, que me indicaram. Pelo visto, teremos muitas postagens de Benedetti por aqui em 2024! ?


Alan kleber 29/12/2023minha estante
Minha meta para 2024 é escrever uma resenha tão boa quanto essa.
Parabéns!


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Aaaaah Alan!!! Fiquei emocionada agora! ?
Mas eu fui lá ver suas resenhas e tenho que dizer: você escreve muito bem!! Não é por troca de elogios que digo, mas você lê livros mais intensos (diria até pesados) e consegue mostrar toda a força e importância dessas histórias. E olha?Isso altamente desafiador! Porque é preciso ser honesto, mas mostrar o quanto uma leitura mais carregada pode ser importante de ser enfrentada! ??????


Débora 29/12/2023minha estante
Flávia, esse eu não conhecia! Vou colocá-lo em minha lista! Muito obrigada!??


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Que bom, Débora! Vamos trocar boas figurinhas ano que vem sobre esse autor então! ?


Débora 29/12/2023minha estante
Maravilha!?


Alan kleber 29/12/2023minha estante
Obrigado, Flávia.


Vanessa.Castilhos 29/12/2023minha estante
Flávia querida, que resenha encantadora!! Amei!! Ela realmente nos passa esse sentimento muito forte de realismo. ? Fico muito feliz que você gostou dessa leitura!! ???


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Aaaah Van querida, muito obrigada pelas palavras ?. Essa foi uma leitura que fiz porque lembro das partes bonitas que você colocava e fiquei bem curiosa para ler. E que supresa boa que foi! Um livro perfeito, ainda mais para essa época do ano! Amei a dica, Van! ???


Craotchky 29/12/2023minha estante
O fato de você invocar a expressão "mestre em relacionamentos" me remeteu imediatamente a Milan Kundera, pois essa percepção que você teve do Mario eu tive do autor tcheco quando li A insustentável leveza do ser e Risíveis amores. Como faz tempo, não posso afirmar que eu manteria essa percepção, claro.
p.s. esse trecho sobre dar as mãos me pegou. Sempre achei isso divino.


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Oie, Filipe! Que percepção interessante a sua sobre o Kundera! ?? Mas eu preciso dizer, isso do Bemedetti ser mestre em relacionamento, ele o faz de um jeito tão especial, que depois que termina, repensamos tanta coisa na nossa vida. E esse efeito que ele provoca, é fantástico!
P.S.: sobre o seu P.S., eu concordo!! Que sensação mais sublime essa frase desperta! ??


Fabio.Nunes 31/12/2023minha estante
Era uma vez uma pessoa que depois dessa black friday havia imaginado que teria sossego pra ler sem comprar nada novo. Daí veio uma tal Flávia-Menezes...e com suas resenhas e bom gosto fez a lista aumentar. Fim da história. Tristeza? Que nada. Manda mais!


Flávia Menezes 31/12/2023minha estante
Fábio querido, esse não será mesmo o fim da história. Acho que agora estamos zerando o cronômetro (já recarregados do saldo de 2023) para em 2024 começar tuuuudo de novo esse nosso ?chumbo trocado?! ???
Mas em minha defesa? vou dizer que esse é primordial até para passar na frente de qualquer leitura! Que homenzinho sábio esse Mario Benedetti. E te garanto que Martín Santomé vai te fazer rir tanto quanto se emocionar com ele.
Feliz Ano Novo, amigo! E um 2024 cheio de ótimas leituras para todos nós! ????


Fabio.Nunes 31/12/2023minha estante
Obrigado querida! Um excelente 2024 para todos nós! Com excelentes leituras e muito chumbo trocado


Núbia Cortinhas 01/01/2024minha estante
Parabéns pela resenha, Flávia! Esse livro está na minha meta. ?


Flávia Menezes 01/01/2024minha estante
Núbia querida, muito obrigada! E que bom que ele já está na sua lista desse ano, porque pode ter certeza de que vai ser um favorito na sua lista de 2024! ???




Lista de Livros 23/12/2013

Lista de Livros: A trégua, de Mario Benedetti
“Deus, se é que existe, deve estar fazendo sinais-da-cruz lá de cima.”
*
“Não é do ócio que preciso, mas sim do direito de trabalhar naquilo que quero.”
*
“A esta altura nenhum de nós tem mais remédio.”
*
“Quem não se sente atraído pelo próprio passado?”
*
“A experiência e o vigor são simultâneos por muito pouco tempo.”
*
“Quando um sujeito já nasce podre, não há educação que o endireite.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2011/04/tregua-mario-benedetti.html
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Thais645 12/11/2021

Terminei a leitura dessa livro há algumas semanas e a história nele contida ainda reverbera sobre meu estado de espírito.

Não acontecia isso desde "O Lobo da Estepe", de Hermann Hesse, devo dizer. De um diário de um homem de meia-idade, com suas observações e análises sobre o mundo que o cerca, mexer tanto comigo e de modo tão significativo.

Viúvo e às raias de se aposentar, Martín Santomé não sabe bem o que fará com seu tempo ocioso. Em um diário, ele faz planos para a sua liberdade permanente, que ao mesmo tempo parece uma espécie de prisão: entre a jardinagem, o violão e a escrita, Santomé sabe, intuitivamente, que estará confinado à solidão dos dias.

Um fato curioso: logo que terminei esse livro, comecei a leitura de "A Vida Não É Justa", da escritora Andréa Maciel Pachá. E qual não foi minha surpresa ao me deparar com um comentário sobre a obra do uruguaio Mario Benedetti! De sua experiência de quase 20 anos à frente de uma Vara de Família, como juíza, Andréa faz uma breve análise sobre os relacionamentos entre homens maduros com mulheres mais jovens, e enfatiza que, após ler o livro de Benedetti, começou a enxergar de outra forma essas relações amorosas. Como se a vida oferecesse uma espécie de "trégua" e frescor para o sofrimento humano, que é inevitável a todos nós. É muito interessante quando, inesperadamente, ocorrem essas conexões entre um livro e outro!

Em várias passagens do livro de Benedetti, no entanto, diante das anotações de Santomé, nos deparamos com um machismo escancarado, comum à época. Santomé avalia as pernas de Avellaneda, desconfia das mulheres quando se trata de matemática ou durante o período menstrual.

Mas é impossível não mergulhar de cabeça quando o romance entre ele e Laura Avellaneda aflora. Santomé parece sair de um estado de catatonia pura para um picadeiro. É praticamente impossível não se envolver e não se deixar levar pela esperança e alegria crescentes e incontidas em Martín Santomé.

Não é uma leitura muito fácil e agradável, entretanto. Santomé é um ótimo observador de seu entorno. Sem recorrer a clichês, o autor nos lembra que a vida não dá tréguas: os momentos de felicidade são tão fugidios e breves quanto uma chuva de verão:

"A quem chora todos os dias, o que resta lhe fazer quando couber uma grande dor, uma dor para a qual sejam necessárias as máximas defesas? Sempre é possível matar-se, mas isso, afinal, não deixa de ser uma solução pobre."
Caio 12/11/2021minha estante
Isso sim é uma bela resenha. Obrigado por ter voltado minha amiga.


Thais645 12/11/2021minha estante
Oi, Caio. Obrigada... Um tanto quanto longa, essa resenha; ao mesmo tempo breve para um livro que tanto me marcou.


Rodrigo 13/11/2021minha estante
Uaaaaau! Que interessante esse alinhamento dos 2 livros... Já separei na programação do ano que vem...


Thais645 13/11/2021minha estante
Sim Rodrigo! Não vai se arrepender!


Michelly 15/11/2021minha estante
Não se acanhe em trabalhar com resenhas longas. É sempre bom te ler. Quanto a essa capa, que delícia. Tenho uma vontade de entrar neste livro só por causa dela.


Thais645 15/11/2021minha estante
Obrigada, Michelly. Falar de um livro que nos empolga é assim mesmo. Também adorei essa capa!


JurúMontalvao 20/11/2021minha estante
Wow, Thais??
Sobre a conexão entre os livros... q troço mais mágico e maravilhoso né?
Sobre a percepção de trechos machistas... outra skoober tbm já tinha resenhado sobre e qdo vc começou a ler fiquei curiosa p ler sua resenha tbm?
Sobre Benedetti...é um dos meus autores favs aqui do Mercosul e "A Trégua" tá minha listona de leituras


Thais645 29/04/2022minha estante
Juruh, eu me encantei com esse autor, virou um dos meu prediletos ever...


Rodrigo 29/04/2022minha estante
Terminei de ler nessa semana


Thais645 29/04/2022minha estante
Você gostou, Rodrigo?


Rodrigo 29/04/2022minha estante
Gostei! Esse livro me cativou... fiz uma resenha, qdo puder passe lá pra ler


JurúMontalvao 29/04/2022minha estante
?
boa, Thaís!?




Paula 16/07/2012

Um grande amor pode ser uma trégua na vida
Depois de ler "A Trégua" do Mario Benedetti, não consegui ler nenhum outro livro hoje, como pretendia ter feito. Parece que a história ainda estava em mim e nada mais cabia. Tampouco conseguia dizer algo sobre o que li, como se quisesse guardar todas as palavras, todos os sentimentos contidos nesse pequeno livrinho só para mim. Danniel Pennac, em Como um romance, um outro favorito, diz na página 75, que: "Aquilo que lemos, calamos. O prazer do livro lido, guardamos, quase sempre, no segredo de nosso ciúme. Seja porque não vemos nisso assunto para discussão, seja porque, antes de podermos dizer alguma coisa, precisamos deixar o tempo fazer seu delicioso trabalho de destilação. E este silêncio é a garantia de nossa intimidade. O livro foi lido, mas estamos nele, ainda.Lemos e calamos. Calamos porque lemos". E Pennac tem toda razão. Certos livros despertam em nós tantos sentimentos que, como leitores, temos todo o direito de nos calar, de nada dizer. Permaneço em silêncio, porque o livro ainda está em mim, sendo destilado lentamente. Que ele seja uma pequena "trégua" no meu dia. Mas recomendo esse livro com todas as estrelas, o melhor do Benedetti que eu já li até hoje. Pela sutileza, pela forma delicada com que ele constrói um personagem emocionalmente tão complexo, com que ele traça sua solidão, sua redescoberta do amor depois de tanto tempo. Acho que esse é um livro que não envelhece nunca por falar de sentimentos atemporais que, ao meu ver, fazem parte da vida dos grandes centros urbanos, independente do país ao qual pertençam. Reitero meu encantamento por esse escritor uruguaio que consegue por no papel todas as vozes e todos os silêncios de um coração.
Ana 16/05/2010minha estante
do Benedetti só li o 'Correio do tempo'. Adorei sua resenha. 'A trégua' será o próximo ...


DIRCE 16/05/2010minha estante
Parabéns,Paulinha. Mas uma vez sua resenha vem carregada de grande sensibilidade, o

que torna as leituras de suas resenhas muito prazerosas.

bjs



Olivia Maia 25/05/2010minha estante
Também fiquei com essa sensação quando terminei de ler esse livro. Desses que depois de ler a gente tem que sair pra dar uma volta. Precisei dar um tempo pra história largar de mim e dar espaço pra outras. :)


Sandra :-) 21/06/2010minha estante
Muito linda sua resenha. Parabéns :-))


Alebarros 26/07/2010minha estante
Que linda sua resenha. Esse vai pra minha estante.


Juliana 26/07/2012minha estante
Nossa...tudo o que eu queria dizer,e não tive palavras suficientes para escrever. Linda resenha.


Renata CCS 21/10/2013minha estante
Sua resenha foi uma das que me inspirou a leitura deste livro. Fiquei fascinada! Entrou para a minha lista de favoritos.




Anne 29/09/2021

A trégua
Essa rápida leitura foi uma montanha russa. Primeiro, me senti incomodada com o marasmo que é a vida de Santomé, personagem principal de quase 50 anos, que acumula idade mas praticamente não viveu. Viúvo, mal se lembra da esposa que morreu há 20 anos, mal se relaciona com os filhos, não tem hobbies, não tem vontades, em suma, é um acabado.
Depois, fiquei estupefata com a personalidade profunda e brilhante desse personagem que não é nada do que dá a entender. Salvei várias frases e até páginas de suas reflexões sobre a vida, relacionamentos, auto análise e análise do outro.
Por fim, mergulhei num desacreditar do que lia, pega completamente de surpresa pelo fim da trama.

Está entrando nos favoritos por que foi uma delícia saborear as páginas desse romance escrito em forma de diário. Amei conhecer Santomé, foi um prazer conhecer Avellaneda, e gostei de conhecer o Uruguai pelas páginas de Beneditti. Acabo levando as reflexões comigo, continuo respirando os ares do apartamento, o espaço físico do "Nosso Assunto".
almeidalewis 30/09/2021minha estante
Sua observação a respeito de ter idade e não ter vivido me lembrou do Sêneca ( Sobre a brevidade da vida ) ele diz que não é porque uma pessoa tem cabelos brancos e seja avançado em idade quer dizer que ela tenha vivido muito pq talvez ela tenha só existido....


almeidalewis 30/09/2021minha estante
Resenha ?????????


Anne 30/09/2021minha estante
Já ouvi falar sobre isso, AlmeidaLewis. Me pareceu muito interessante, apesar de parecer já ser uma leitura de um outro nível. Muito obrigada pela contribuição! Pretendo "me encontrar" com Sêneca em um momento futuro ?


almeidalewis 30/09/2021minha estante
Grato pela gentileza Anne ? continuo por aqui acompanhando seus históricos e observações ????


Mariana 01/10/2021minha estante
Resenha perfeita ! Compartilho dos mesmo sentimentos sobre essa formidável leitura.


Anne 02/10/2021minha estante
Obrigada! ?


Pontini 27/10/2021minha estante
O que farei quando todos os meus dias forem domingos? Essa frase me fez ler o livro.




diennifercb 05/10/2022

Polêmico
Esse aqui é um livro muito bom, porém, divide muitas opiniões, e acredito que ainda mais porque ele é escrito sob uma visão bem machista do personagem principal, e nos coloca em um dualismo de: será que devo torcer pela felicidade dele, visto as circunstâncias dessa situação? Mas, no fim, essa obra acaba sendo uma história muito bonita sobre recomeços, e nos faz refletir sobre a velhice, sobre o ócio, sobre a normalidade de um cotidiano comum e ordinário e seus conflitos. Ele é escrito no formato de diário, o que me agrada, porque parece que nos deixa mais próximos dos personagens, e parece que estamos inseridos naquele enredo. Em alguns momentos, a leitura fica bem tediosa e arrastada, mas me pergunto também se não era a intenção do autor com essa história. É um ótimo livro, e tem um final bem doloroso.
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Gustavo.Romero 12/01/2021

Entre a dor e o nada...
Que livro dolorido. O humor refinado do Benedetti só conduz à máxima do Faulkner: entre a dor e o nada, escolho a dor. E a brevíssima trégua do narrador aqui não é do ócio, da velhice ou da morte, em última instância, mas uma brevíssima trégua do Nada.
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Elton.Oliveira 20/02/2024

Não me cativou , história melancólica !
Havia gostado do enredo e de algumas resenhas, mas ao iniciar a leitura, não me empolguei e nem pude ser solidário ao decepcionante Santomé.

A estrutura da história é bem interessante, o nosso personagem está, como ele mesmo diz , prestes a entrar no ócio final da vida , a aposentadoria. Sempre foi medíocre em suas atividades profissionais, apesar de ser bastante inteligente, não se entregava com afinco nem queria responsabilidades demais ! Resolveu fazer um diário, relatando suas expectativas finais e de como seria seu planejamento para o fim do ciclo de seu emprego , altamente massante e chato!

Não tinha amizades , tinha três filhos que se tornaram estranhos e havia ficado viúvo há bastante tempo. Sua rotina era muito enfadonha , então para quebrar toda essa desgraçada vida sem esperanças , apareceu um amor juvenil, com metade da sua idade , na qual ele viveu dias incríveis e teve então "uma trégua" dessa vida insossa e banal.

Não vou me alongar pq senão entregaria o final do romance , mas ele tem sim suas grandes sacadas , ótimos momentos reflexivos , um cara que sofreu bastante e que teve de lutar contra muitas situações, até internas da sua cabeça, para poder ser feliz com sua amada Avellaneda. Infelizmente, ele exalta sua homofobia , que me fez ter um pouco de raiva em determinadas situações ,mas paciência, a realidade em muitas famílias é essa !!!

Recomendo mas não criem expectativas demais pois o texto é triste e melancólico!
CPF1964 20/02/2024minha estante
Parabéns pela resenha, Elton.


Elton.Oliveira 20/02/2024minha estante
Vlw Cassius ! ??


CPF1964 20/02/2024minha estante
Fisgou é coisa de pescador...
Cativou soa mais poético.....???


Elton.Oliveira 20/02/2024minha estante
Vc falando agora .... Cativou , palavra forte de "Maquiavel " em sua principal obra , "Pequeno Príncipe" !! ????? ...
Vc me fez lembrar dessa lambança recente !


CPF1964 20/02/2024minha estante
Se eu falasse conquistou você iria lembrar de Bernard Cornwell....???


Elton.Oliveira 20/02/2024minha estante
Eu diria nada ... Ainda não li Bernard Cornwell!! ??


CPF1964 20/02/2024minha estante
Então não sabe o que está perdendo, Elton... Se você curte romances históricos...


CPF1964 20/02/2024minha estante
Ele é o Cara...


Elton.Oliveira 21/02/2024minha estante
Eu ainda não li, mas já notei que é um excelente autor ! Acompanhei a leitura de um amigo e já adicionei Azincourt , espero poder ler esse ano ! Como você é o cara das recomendações, sugeres outro de entrada para Cornwell?! ?


Fabio 21/02/2024minha estante
Mais uma bela resenha, Elton!!!
Parabéns, cara!


Elton.Oliveira 21/02/2024minha estante
Vlw Fábio ! Obrigado!


CPF1964 21/02/2024minha estante
Bernard Cornwell é um problema, Elton. Livros solo são poucos. Muitas séries. 13 livros... 15 livros... 4 livros.. 3 livros... Este que você mencionou é livro "único". Uma boa porta de entrada.


Elton.Oliveira 21/02/2024minha estante
Viche .... Então a sequência será essa mesmo ... Vou ler Azincourt e depois pego uma série de poucos livros ! Esses autores tão de brinks com a gente ! ???


CPF1964 21/02/2024minha estante
Vikings...Guerra Cívil Americana... Período Medieval....Rei Arthur..




Diego 13/07/2022

A vida
Um livro agradável, que trata de muitas nuances da vida e dos relacionamentos.
Com 50 anos completados há não muito tempo, me identifiquei um pouco com o personagem principal.
Gostei da leitura, mas me indignei um pouco no final.
Juu Melo 20/07/2022minha estante
Já me indicaram muito esse livro, mas sempre me alertam que o final não é tão bom.


Diego 20/07/2022minha estante
Realmente, não é. Não falo mais para não dar spoiler?
Mas eu achei boa a leitura.




cris.leal 18/02/2021

Sobre a brevidade das coisas...
O protagonista-narrador de "A Trégua" é Martín Santomé, um trabalhador de 49 anos, que enquanto aguarda pela aposentadoria iminente, faz um balanço da sua vida em um diário.

Santomé mostra-se como um homem frustrado que anseia a felicidade, mas não sabe onde encontrá-la. Pesa em seus ombros o fato de ter perdido a esposa muito cedo e de ter ficado com a obrigação de criar sozinho três filhos. Almeja a liberdade que a aposentadoria lhe trará, mas não sabe bem o que fará com o ócio. Vislumbra um destino escuro, solitário e melancólico.

Diante de um futuro pouco promissor, Deus resolve dar-lhe um sossego, libertando-o do tédio e colocando em seu caminho um afeto verdadeiro. Uma relação onde ele se sente ao mesmo tempo protetor e protegido. Uma luz, um respiro, uma verdadeira trégua.

Eu me comovi com a história, mas tive um pouco de dificuldade com a escrita do uruguaio Mario Benedetti. Precisei consultar o dicionário algumas vezes. Mas no final das contas, valeu a pena. ?
Mari Moraes 18/02/2021minha estante
Fiquei com vontade de ler pela sua resenha!!


cris.leal 11/03/2021minha estante
Obrigada, Mari, por ler minha resenha. ?




Mariana. 05/08/2010

Eis um livro que mobiliza todas as emoções. Desde a desesperança de quem vê os dias passarem sem que nada os marque com algum significado, o tédio, a mesmice, a solidão, a dificuldade de comunicação mesmo com os mais próximos, passando pelo surgimento do amor, a sua redescoberta, e, com ela, a delicadeza, a fragilidade, o medo, o vigor restaurado, a ternura, a urgência de vida, a felicidade, mas também a inércia e o desespero, até o coração se transformar em "uma coisa enorme que começa no estômago e termina na garganta".

Em forma de diário, isso tudo adquire a mais sincera e encantadora das formas, de modo a leitura equivaler a um verdadeiro mergulho nos sentimentos de Martín Santomé, que são os sentimentos comuns a todos nós. Não bastasse, ainda produz o efeito temerário de se enxergar no personagem no momento de vida em que ele está, e, assim, poder olhar a vida de um ponto que, por vezes, parece sufocantemente definitivo.

"Meu modo de amar é esse, um pouco reticente, reservando o máximo somente para as grandes ocasiões. Talvez haja uma razão para isso na minha mania por matizes, por graduações. De modo que, se estivesse sempre me expressando no limite, o que deixaria para esses momentos (há uns quatro ou cinco em toda uma vida para cada indivíduo) em que alguém deve dar tudo de si? Também sinto um leve receio de ser piegas, e para mim pieguice é justamente isso: andar sempre com os sentimentos à flor da pele. (...) Quero dizer que é praticamente impossível viver em uma crise permanente, fabricando-se uma impressionabilidade em que a pessoa possa submergir (uma espécie de banho diário) em pequenas agonias. (...) a vida é suficientemente amarga para que, além disso, fiquemos chorosos, melindrosos ou histéricos só porque algo se antepôs em nosso caminho e não nos deixa seguir nosso percurso até a felicidade, que às vezes vai lado a lado com o desatino."

Inevitável ser "piegas", no caso. O último e mais intenso matiz dos sentidos é o que permanecerá aceso durante toda a leitura. Não lembro de um livro que tenha feito transbordar tantas sensações, tantas percepções e que, por isso, tenha se convertido num tamanho exercício de coragem, como aconteceu com esse livrinho.

Mais que recomendado, um verdadeiro presente na vida.
Alebarros 05/08/2010minha estante
Linda resenha, Mari. Tenho que ler este livrinho.


Fabrício 30/04/2012minha estante
Linda resenha! Concordo com tudo, acabei de lê-lo e é realmente um livro pra ser lembrado por muito tempo.


Renata CCS 07/10/2013minha estante
Uma bela resenha!


Alê | @alexandrejjr 29/05/2020minha estante
Tocante a tua resenha.




Rodrigo 16/04/2022

As alegrias de um homem de meia idade
A trégua é um livro ambientado na Montevidéu dos anos 50, escrito em primeira pessoa e na forma de um diário por Santomé, um viúvo de 49 anos que trabalha chefiando um escritório de uma empresa. Vive com três filhos já adultos com quem não se relaciona bem, e, em resumo, sua vida é um pacote de tédio e resignação, sem maiores metas além de aguardar a aposentadoria e o fim do tempo de vida que lhe resta. No início, o texto é uma mistura cronológica de memórias e coisas do cotidiano, relacionamentos e filosofias de vida, com parágrafos intermináveis e sem diálogos, o que torna a leitura arrastada até cerca dos 30%.

Entretanto, tudo muda quando chegam novos funcionários, trazendo um ar de jovialidade ao escritório. Entre eles uma moça de 24 anos, Laura, que chama sua atenção por seus predicados profissionais e por sua beleza, o que, para um coração véio acostumado à solidão, é uma armadilha fatal. No início, a aproximação entre ambos é meramente formal, dada a diferença de idade. Pra ele, uma moça insignificante, e pra ela, apenas seu chefe com jeito de tiozim.

Mas a rotina acaba transformando a percepção do tiozim em relação à boyzinha, e, após várias horas-extras conferindo planilhas e muitos cafezinhos na pausa da tarde, um novo sentimento vai surgindo entre ambos; aos poucos o chefe vai extraindo detalhes de sua vida particular, e, quando abre os olhos, está novamente inoculado com o vírus das paixões juvenis, para o qual julgava ter imunidade.

Quando finalmente toma coragem e se declara, surpresa! ela disse sim. E aí, os dilemas começam a surgir: o que vale a vida do homem após perder a capacidade de sentir prazer? Como seriam em 10 anos, ele um sexagenário, ela ainda jovem; será traído? Sentirá ciúmes? Ela sonha com casamento? Viverão essa relação com a pressa do tempo que se acaba ou manterão a liberdade que lhe permite se resguardar de mágoas que já não lhe cabem? Ela, por sua vez, é uma incógnita: no início tímida, e mesmo após aceitar o pedido de namoro, continua a chamá-lo de senhor e a manter a relação num completo segredo.

Mesmo com todos esses poréns, a relação floresce, baseada mais em conversas do que em sexo. Fica estabelecida para ambos uma dualidade entre experiências de vida (ele muita, ela nada) e o estado dos seus corpos (ela uma musa juvenil, ele com sua barriga). Mas o amor é capaz de nascer no deserto mais árido, e assim se descobrem, para nossa alegria, terrivelmente conectados.

E aí, meus amigos, quando todos estão felizes porque o amor venceu novamente, vem o final e f*de com tudo, pensado propositadamente para causar impacto. Não soube o que dizer quando li, apenas me sobrou um nó na garganta, difícil de ser desatado. Ainda assim, as últimas páginas são lindas, e poderão causar lágrimas nos leitores mais sensíveis.

Em resumo, um livro que agradará a psicólogos, cinquentões saudosistas e fãs das histórias de amores impossíveis. Eu, com os meus 40 e poucos, me senti profundamente cativado. Destarte, faço votos de que todos os casais de tiozinhos e boyzinhas possam vencer as diferenças e viverem felizes para sempre, ou até que um enfarto fulminante os separe.
Roberta 16/04/2022minha estante
Ai que triste, Rodrigo. Eu estou quase na idade dele, acho que ainda tem tanta vida? Fiquei curiosa com a história. Obrigada pela resenha.


Rodrigo 16/04/2022minha estante
A sra vai gostar, tenho certeza...


Rodrigo 16/04/2022minha estante
Ah, não se esqueça, o livro se passa numa época em q a expectativa de vida era mais baixa do que é hoje... mas por que esse clima de velório? Eu falei que alguém morreu??


Roberta 16/04/2022minha estante
Falou!


Roberta 16/04/2022minha estante
A sra é ótimo ?


Rodrigo 17/04/2022minha estante
Ah, só um último comentário... ontem eu publiquei a resenha quando estava em 90% do livro, e hoje eu terminei de ler, e acabei mudando de opinião! Raios, odeio quando isso acontece... vá nos últimos dois parágrafos...


Thais645 29/04/2022minha estante
Excelente resenha. Adorei!


Vanessa.Castilhos 25/09/2023minha estante
Livro maravilhoso, profundo e mt mt real!! Adorei a resenha, Rodrigo! Parabéns!!




Jow 12/01/2012

Only the weak are not lonely.
[]
Do I love you, or the thought of you?

Slow, love, slow
Only the weak are not lonely

Nightwish - Slow, love, slow


Amamos aquilo que amamos. A razão não entra nisso! Sob muitos aspectos, o amor insensato é o mais verdadeiro. Qualquer um pode amar uma coisa "por causa de." É tão fácil como pôr um vintém no bolso. Mas, amar algo "apesar de", conhecer suas falhas e amá-las também, isso é raro, puro e perfeito.

A Trégua é o principal livro do uruguaio Mario Benedetti, e devo acrescentar já aqui que este é um dos melhores livros que já tive o prazer de ler nesta minha breve vida! Em formato de diário, o livro traz um enredo simples e direto, como convém às grandes histórias, executado com um primor narrativo inquestionável.

Tal diário nos conta a história de Martín Salomé, um homem beirando os 50 anos que se vê a poucos meses da sua tão sonhada aposentadoria. Viúvo há duas décadas, enquanto vê se aproximar o fim dos seus dias de trabalho burocrático numa importadora de autopeças, ele constata quanto rotineiros e previsíveis têm sido seus dias desde a morte da sua mulher. Martín não sofre pela viuvez, mas sim por sentir-se ressequido em relação às afetividades. Ao longo da narrativa revela-se a caótica relação que Martín possui com seus filhos, quantos díspares podem ser seus sentimentos paternais. Nenhum dos meus filhos se parece comigo, escreve o narrador antes de definir sua prole. Esteban, o mais arredio e mais incompreendido por Martín. Jaime, talvez seu preferido, parece sensível e inteligente, mas não honesto. E, por fim, Blanca, com quem comparte uma característica da personalidade: ela também é uma triste com vocação de alegre. Os quatro dividem a mesma casa, embora quase nunca se comuniquem. Estão unidos por uma espécie de isolamento que se complementa no coletivo.

Martín é um personagem construído com esmero. À medida que a leitura avança, descortina-se um homem inseguro, perdido na incapacidade de lidar com o tempo e em sua própria passividade em relação à vida. No entanto, tudo muda no momento em que ele encontra a jovem Laura Avellaneda, uma boa moça, de traços definidos, de gente leal. Com Laura, ele se redescobre capaz de amar de novo. Descobre que não está ressequido afetivamente, como imaginava. E se encoraja a uma mudança de vida que inclui um acordo de relação pautada na liberdade, na falta de planos e de promessas.

A Tregua é declaradamente uma história de amor. Mas ao mesmo tempo, é muito mais que isso. É uma busca, uma redenção, uma dor, é um entendimento sob si próprio sob a luz da ironia. É luz e é... Assusta-me dizer isso... Treva. A angústia de Martin nos angustia, a sua felicidade nos faz felizes, tal a capacidade de Mario Benedetti explorar os sentimentos da gente. Eu disse explorar, mas para explorar não quis dizer que tivesse de ser um livro grande e repetitivo. A Trégua é o que é, em 180 páginas de se ler em um dia.

Um livro perfeito de Mário Benedetti. Mais uma boa surpresa da Alfaguara. Mais um livro daqueles para levar por toda a vida.
Alan Ventura 12/01/2012minha estante
Muito bom saber que você gostou tanto do livro "um dos melhores livros que já tive o prazer de ler nesta minha breve vida", acho que isso deve me dar um crédito a mais pra você não duvidar quando eu disser "Jow, você tem que ler tal livro!" rs. Muito boa sua resenha, embora eu a considere mais simples do que as outras que você escreveu, talvez porque esse livro tenha nos marcado pela história linda e pela simplicidade e você tenha compreendido isso. Está de parabéns!


Fran Kotipelto 16/01/2012minha estante
"No entanto, tudo muda no momento em que ele encontra a jovem Laura Avellaneda..." Muito bom encontrar alguém que muda nossa vida assim, sem avisar...! Assim como é sempre delicioso ler suas resenhas. Está aí um livro que eu não conhecia,mas que vai pra minha lista de futuras aquisições.Parabéns dear Jow.


Taty 15/04/2012minha estante
oi gostei vai para a minha estante quero ler este livro... amei.


edu basílio 27/01/2016minha estante
cara, foi sua resenha que me fez ler "a trégua". e foi um dos melhores livros que já li. obrigado. abraços!




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