A relação mito-literatura é um dos pontos decisivos ao canto das Ciências da Letras, a análise dos "elementos míticos é, pois, imprescindível ao estudo de qualquer literatura, afinal é nos mitos que se encontra o porto seguro para todas as origens". É nesse contexto que se delineia a obra A Aventura Mítica de Miguel dos Santos Prazeres, de José Guilherme de Oliveira Castro, uma pesquisa original e preciosa à "literatura amazônica", tendo como corpus a "Tetralogia Amazônica", de Benedicto Monteiro, composta dos romances: Verde Vagomundo, O Minossauro, A Terceira Margem e Aquele Um; através da qual o escritor reatualiza os mitos da Amazônia e recria um cenário típico da região recorrendo a uma apurada linguagem coloquial.
O foco central é "a viagem mágica do herói mítico", a trajetória do herói - tema onipresente no patrimônio de todas as culturas, empreendida pela personagem elo da referida Tetralogia, o caboclo Miguel dos Santos Prazeres, analisado à luz de referenciais teóricos como Joseph Campbell, Mircea Eliade, Gaston Bachelard, Ernst Cassirer e Gilbert Durand, de modo a fundamentar a tessitura mítico-literária da obra, bem como sua inserção no âmbito da literatura universal.
José Guilherme Castro nos surpreende ao mostrar que, apesar de visceralmente amazônica, a obra trata de questões inerentes à natureza humana, já que as aventuras de Miguel dos Santos Prazeres revestem-se de nuanças semelhantes às encontradas nas epopeias míticas da Literatura Universal, evidenciando assim a superação do regionalismo lapidado pela verve literária do escritor Benedicto Monteiro. Certamente, uma oportuna e importante contribuição à literatura amazônica. Como à própria Literatura e a qualquer estudo que tenha por objeto o homem ou a realidade da Amazônia. Professora Doutora Luci Teixeira.
Ensaios / Fantasia / Ficção / Literatura Brasileira