A Bela e a Fera

Prêmio Jabuti - Categoria Ilustração - 1995

Prêmio Luís Jardim - "O Melhor Livro de Imagem" - FNLIJ - 1994



Os anônimos contadores de história de séculos atrás jamais imaginariam ver esses contos narrados apenas por meio de imagens.



O século XX alcançou tal privilégio e assim conhecemos um outro narrador - o narrador-ilustrador, o narrador do contos sem palavras, que acolhe a emergência das imagens.



As narrativas do passado são formas épicas de comunicação, com raízes nos costumes dos povos e nas suas formas de pensamento, desde os primeiros estágios de desenvolvimento da própria sociedade humana. Por isso sua magia perdura até hoje, especialmente para o universo infantil, podendo-se afirmar, como Walter Benjamin, que tais narrativas são o primeiro conselheiro das crianças.



Rui de Oliveira escolheu um conto de fadas que reforça aspectos importantes de nossa condição humana, como a devoção, a gentileza e o amadurecimento provenientes do amor. Imprimindo nesse conto sua marca de narrador, como a mão do oleiro na argila, Rui de Oliveira soube construir um projeto gráfico-visual da maior qualidade. Condensar uma narrativa da tradição, apresentando-a tão somente na forma de imagens, não é um empreendimento dos mais fáceis e simples. Mas o resultado foi bastante produtivo - ganhou a literatura e enriqueceram-se as artes plásticas.



O autor baseou-se na versão escrita por Madame Leprince de Beaumont, editado no século XIX, na França. Para tanto, utilizou-se do estilo art nouveau, tão predominante na época e caracterizado pelo uso de linhas sinuosas e motivos vegetalistas.



Vale a pena observar as cores, as dimensões e os ângulos empregados pelo autor para ilustrar a página em branco, apurando, assim, o olhar para perceber as sutis variações na expressão das personagens, especialmente as da Fera, que pouco a pouco vai se humanizando.



Esta história contada por imagens contribui para o desenvolvimento da imaginação estética do leitor e do sentido da ficção em sua vida, sentido este que responde a uma necessidade profunda de ampliação de horizontes e de perspectivas.