O século VII, no reino visigodo, nasce sob o signo da quebra da continuidade de uma série de governos hereditários que haviam inaugurado a aliança com a Igreja ligada à ortodoxia nicena. Implanta-se nesse momento um período caracterizado pela destituição de vários monarcas.
No quadro de instabilidade política e militar, o episcopado intensifica a busca de um poder diferenciado, identificado com elementos eclesiásticos. Assim elabora uma série de formas de difusão de processos educacionais com a perspectiva de clericalização da sociedade.
A proposta deste trabalho é refletir sobre como a educação, que é empreendida de modo contínuo e vigoroso em diversos espaços sociais pelos membros do episcopado visigodo, está relacionada à busca de legitimação e afirmação dos membros da elite eclesiástica em meio às disputas de poder.
Para análise desse fenômeno social, utilizaremos as reflexões de Pierre Bourdieu sobre a "gênese e estrutura do campo religioso". Identificamos que o corpo de especialistas procura de forma intensa "vender" seu principal e exclusivo bem, a ideia de salvação.
Por fim, ao analisarmos a educação no Reino Visigodo, notamos que a sua forma de manifestação na sociedade se pauta na relação mestre-discípulo, seja no plano pessoal, seja na relação estabelecida entre a Igreja e a sociedade.