Heidegger foi intimado a modificar a sua aula sobre Fenomenologia da vida religiosa depois de quatro meses em que falava de forma indireta sobre o tema. A queixa se dirigia ao fato de que as aulas consistiam no tema da hermenêutica. O filósofo então passou a ministrar as suas aulas sobre a vida fática da experiência de Paulo, ou melhor, analisou a epístola de Paulo aos Tessalonicenses. Kierkegaard tratou de diferentes temas, em alguns dos seus livros, sob a forma de cartas. Em Ou...ou podemos acompanhar as cartas do Autor A endereçadas ao Autor B e vice-versa; em A repetição podemos ler as cartas que o jovem enviou para Constantin Constantius. Pois bem, o livro A escuta e a fala em psicoterapia - uma proposta fenomenológico-existencial não segue o estilo de epístola, uma vez que foi escrito quando eu ainda não havia ganhado uma autonomia com relação aos filósofos com os quais dialoguei. Hoje, em uma idade mais madura, atrevo-me a conversar com eles por meio de cartas imaginárias. Aquele que quiser acompanhar o meu percurso nos estudos sobre o pensamento existencial em Filosofia em diálogo com a Psicologia clínica comece por este livro, que na terceira edição amplia essas interlocuções trazendo o pensamento de Sartre para que eu possa conquistas as outras reflexões em Psicologia no que diz respeito ao exercício da clínica.
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo
Psicologia