A revolta

A revolta Clem Martini


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A revolta


Penas e ossos: as crônicas do corvo, v. 1




O que um bando de corvos em sua migração primaveril tem a ver com seres humanos? Se depender da bela fábula criada pelo escritor, teatrólogo e dramaturgo canadense Clem Martini, muito. Autor de A revolta, primeiro livro da trilogia Penas e Ossos: As Crônicas do Corvo, que a Rocco Jovens Leitores lança no Brasil, Martini traça um paralelo incontestável entre o universo selvagem, representado por uma comunidade de corvos altamente organizada, e grandes questões humanas, numa história emocionante e repleta de surpresas.

Narrado em primeira pessoa por um corvo de 38 primaveras de idade, A revolta soa como uma daquelas histórias de família passadas de geração em geração, para ser ouvida ao redor da fogueira. E é mais ou menos isso mesmo. No enredo, o velho Kalum divide com o resto do bando, e com os leitores, um pouco de sua vida e as lembranças de uma migração especialmente difícil quando era o líder da Família. A história se desdobra com tamanha intensidade, que às vezes o leitor esquece que as cenas narradas são apenas as memórias de um velho e sábio corvo - que bem poderia ser um velho e sábio homem -, e sente como se todas as batalhas, todas as dificuldades e todas as conquistas daquela grande família em busca de abrigo e alimento estivessem acontecendo naquele exato momento.

Naquele ano, conta Kalum, a migração começou com uma forte tempestade. O mau presságio tinha razão de ser. Mas não foi a chuva que trouxe a desgraça para a Família. Passada a tempestade, o bando levantou vôo com a alegria de sempre, rumo à Árvore do Encontro. “Nada faz mais bem a um Corvo do que o começo da migração. Ele é o convite da natureza a voltarmos ao elemento que nos deu fôlego de vida, ao elemento para o qual a Criadora nos formou”, diz o narrador. No entanto, nas primeiras noites da viagem, o impulsivo Kyp, sem consultar os mais velhos, organiza uma revolta contra um felino que matou uma cria do bando. A atitude do jovem corvo leva a Família a uma ruptura que trará situações difíceis e decisões desafiadoras.

Ao narrar a saga dos corvos em trânsito, Clem Martini aborda questões essenciais da vida familiar e social como respeito às leis, à tradição e aos costumes, convivência entre várias gerações, justiça, lealdade, união, e sentimentos como coragem, medo e confiança em si próprio e nos outros. E o faz sem pieguice ou moralismo fácil, sempre contrapondo os dois lados da questão, dando voz ao jovem e ao velho, e mostrando que não se ganha sempre, nem sempre se perde. Do equilíbrio entre as diferenças, do respeito ao novo e ao antigo nasce a alegria do Encontro, momento de celebração da espécie. Alcançar essa alegria nem sempre é fácil e indolor. Mas vale a pena (e os ossos), literalmente!

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Resenhas para A revolta (1)

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Surpreendente
on 13/12/18


Apesar de não ter dado cinco estrelas eu gostei muito do livro. É criativo, envolvente e me faz querer ler e ler e ler pra saber os acontecimentos. Os corvos se tornaram mais interessantes agora. Para quem gosta de leituras interessantes recomendo: sendo uma alegoria sobre nós (humanos), me fez e me pensar bastanteroporcionou momentos de distração e reflexão. Não dei nota máxima pois em alguns momentos a forma como se deu a narrativa me pareceu um pouco confusa ou talvez desleixada, m... leia mais

Estatísticas

Desejam5
Trocam1
Avaliações 3.9 / 9
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Tonyfreitas
cadastrou em:
21/11/2011 01:24:24

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