«Pelo que, neste momento, me considero em excelentes condições para dizer de Angola e destinar o que poderei ter para dizer tanto aos de ‘fora’, porque estive dentro, como aos de ‘dentro’, porque andei por dentro daquele ‘dentro’ [...]»
Em "Actas da Maianga. Dizer da(s) Guerra(s), em Angola" Ruy Duarte de Carvalho utiliza notas, excertos de crónicas e de diários para, perante os últimos desenvolvimentos políticos em Angola (a partir de Fevereiro de 2002), avaliar a guerra nas suas implicações políticas globais bem como a imagem de Angola produzida e retida pelo exterior. Este livro, que traduz uma posição inteiramente pessoal, responde à necessidade de repensar o lugar de Angola face à ocidentalização tal como ela é encarada pelos ocidentais e ocidentalizados, e incide no plano interno tratando em detalhe questões ligadas às afirmações, identidades e expressões - políticas e criativas - locais.
Segundo as mulheres, o que está mal: “...doenças, mortes, pouco abastecimento alimentar, falta de semente de todo o tipo, de instrumentos de trabalho, de adubos e fertilizantes. Faltam charruas, chapas para as casas, enxadas, catanas, correntes de charrua, machados, chaves e fechaduras, pregos, serrotes, foices, metros, material de pedreiro e carpinteiro, medicamentos, roupa, panos, sapatos, cobertores, sobretudos de fardo, botas de borracha. Carros de mão, pás. Capas para a chuva, linha, agulha, espelhos, pratos, talheres, tudo. Moto-bombas: antigamente, no tempo da revolução, já tinha. Pulverizadores, remédios para as plantas, máquinas de costura: os alfaiates estão parados. Bicicletas. Rádio precisamos, gravador é brincadeira.”
Ensaios / Não-ficção / Política