Por meio de um estudo comparativo de obras escolhidas de escritores afro-descendentes oriundos do Canadá, dos Estados Unidos, do Caribe e do Brasil, o autor examina diversos aspectos específicos da africanidade transculturada com o objetivo de problematizar as confluências culturais desde o passado até o presente. Partindo da hipótese de que a diáspora negra das Américas constitui uma encruzilhada de formas e práticas culturais em permanente processo, o autor escolheu o paradigma da transculturação como base de uma hermenêutica transfronteiriça para analisar a dinâmica dos fluxos interculturais da encruzilhada negra refletida e refratada pela narração. Desde a interface local e global desta encruzilhada, o estudo comparativo e interdisciplinar problematiza a fragmentação e reconstrução de identidades individuais e coletivas dentro da episteme transcultural da diáspora negra. Neste processo, especial enfoque é dado ao importante papel da memória na tradução a) das diversas formas de violência desde o navio negreiro e o sistema de plantação até os guetos do presente; b) das diversas formas de resistência a esta violência; c) do inconsciente ecológico e d) de uma consciência interior que separa e liga os diferentes contextos culturais da diáspora negra pan-americana. Através deste trabalho analítico o autor contribui de maneira pioneira tanto para os estudos da literatura afro-descendente em particular quanto para os estudos da diáspora em geral e preenche a lacuna da comparação literária transnacional dentro destes campos.