Nesta obra o autor fala da alegria em sua mais alta potência, expressão direta e inocente de uma radical adesão ao viver e experiência de uma plenitude que, bastando-se a si mesma, é capaz de celebrar o aspecto efêmero da vida, sua finitude, seu teor sempre cambiante. Esse gozo incondicional da vida revela-se como rigorosamente impensável para uma tradição filosófica que, de Platão a Heidegger, preconizou o afastamento desta existência fugidia como via de acesso à verdadeira felicidade, frequentemente associada a um desejo de imobilidade, de eternidade, de imortalidade. Ora, a alegria de estar vivo não cessa de escapar a toda argumentação e, como força maior que atravessa a obra de Nietzsche, implica um conhecimento trágico, uma aceitação integral dos aspectos perigosos, problemáticos e enigmáticos da existência, expressando-se, em termos nietzschianos, como beatidude e amor diante de tudo o que existe e nos acontece. Neste luminoso ensaio, Clément Rosset investiga o estatuto filosófico da alegria em uma vertente nietzschiana. A alegria de viver irrompe no próprio texto como a força maior que refuta a ontologia e se afirma como incondicional aprovação da transitoriedade.
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