Altazor é um poema extenso em sete cantos do poeta chileno Vicente Huidobro. Ele foi, segundo o autor, terminada em 1919 (mas publicada de fato em 1931), mesmo ano de Trilce de Cesar Vallejo, The Wast Land de T.S Elliot e Ulisses de James Joyce. Ou seja, o ano da vanguarda. Nele está a desagregação da linguagem junto com a do próprio homem moderno, o existencialismo, a desolação advinda da primeira guerra, a empolgação com os novos recursos poéticos, o trágico e o cômico que frequentemente andam de mãos dadas, a admiração e medo frente ao progresso, a decadência do cristianismo em relação ao que era antes, as crenças não ortodoxas como o zodíaco, a esperança no comunismo, a natureza e suas mil formas, a natureza que atua e se mistura com aviões (ver primeiras linhas do prefácio) e lâmpadas e virgens marias, a busca aventureira da vida, a atração da morte, enfim, a longa viagem interior de paraquedas que resulta em linguagem feita apenas som...
Importante dizer também que Huidobro foi o pai do movimento Creacionista. Um movimento poético que pretendia se afastar da imitação da mãe-natureza e criar suas próprias regras, seu próprio mundo, dentro da obra de arte.
A obra ainda não é muito conhecida por aqui. Há uma tradução dela para o português de 1991 feita por Antonio Risério pela Art Editora (“Altazor e outros poemas”). É de boa qualidade, mas considerei que a obra merecia outro tratamento, menos literal, para justamente poder respeitar-se. A tradução feita por mim pretende, na maioria das partes, não ser ao pé da letra. Considero que o poema, um dos mais vanguardistas da América Latina e do mundo, pede isso. Só assim é possível manter os jogos de linguagem, a coloquialidade e grandeza que se juntam e se alternam no texto, a sensação de estar fluindo dentro de uma obra sempre aberta.
Para que não soem como aleatórias as mudanças mais fortes, pus notas de rodapé nos versos em que elas ocorrem.
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