O grande salão de baile de um dos maiores clubes sociais de Vitória estava repleto. Vestidos brancos, azuis, amarelos, nos mais variados tons e modelos. farfalhavam apressados, contrastando-se com o negro dos ternos dos rapazes que fumavam, bebiam e conversavam, reunidos em grupinhos pelos cantos do salão. Nos rostos afogueados e corados, nos gestos nervosos, na impaciência com que aguardavam o inicio do baile,percebia-se a importância que aqueles formandos davam ao titulo que recebiam. Mães zelosas recompunham as gravatas dos filhos, arrumavam o cabelo das filhas e sorriam orgulhosas para os pais, mais orgulhosos ainda. Uma alegria nervosa era a mola mestra que de todo o entusiasmo que se espelhava em forma de juventude pela pista de dança e por entre as mesas dispostas em círculo. No meio de todos eles estava Mônica, tão decidida, tão arrojada,tão fria, que não parecia ter sentimentos. Vestida naquelas roupas longas e apertadas, ela se sentia presa. Adorava espaço, liberdade, movimentos informais e descontraídos. Naquele momento. Seu maior desejo era estar à beira mar, de biquíni, correndo e saboreando o sol, o céu e a água salgada, cercada de gente alegre e relaxada, sem preocupações. Mal sabia que toda a sua vida começaria a mudar naquela noite.