Antologia do Retrato

Antes da invenção da fotografia e do fotojornalismo, que marcam a vida dos homens públicos e dos paparazzi que buscam retratar os diferentes momentos das celebridades, a vida pública era registrada por mil palavras. Os retratos dos séculos passados eram desenhados por moralistas e memorialistas escritores de grande calibre que examinavam, perscrutavam, denunciavam e marcavam para a posteridade a vida de figuras notáveis.

Emil Cioran, conhecedor excepcional das memórias e da correspondência da sociedade francesa dos séculos XVIII e XIX, criou uma antologia impecável sobre essas pinturas cruéis e elegantes de homens e mulheres entregues à vida dos salões e antecâmeras. Antologia do retrato reúne os portraits preferidos do autor. Uma galeria de figuras tão contrastantes como Jean Jacques Rousseau e Napoleão, desenhados por escritores como Saint-Simon, Talleyrand, Chateaubriand, Benjamin Constant, Sainte-Beuve e Tocqueville.

A admiração de Cioran por esses escritores se justifica: Os moralistas são quase sempre virulentos, se bem que de uma virulência contida; tal é o caso dos memorialistas: dir-se-ia que nos retratos que eles traçam de seus contemporâneos dedicam-se a nos mostrar a maneira como se encarna, se prolonga e se individualiza o pecado original.

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