Arraiais e Vilas D

Arraiais e Vilas D'el Rei Cláudia Damasceno Fonseca


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Arraiais e Vilas D'el Rei


Espaço e poder nas Minas Setecentistas




Existe uma “lenda negra” que afirma
que os núcleos urbanos de Portugal e
de seu império ultramarino teriam nascido
como que a contragosto e com um
mínimo de envolvimento da Coroa em
seu planejamento e desenvolvimento
posterior. Em estudo meticuloso sobre
Minas Gerais nos séculos XVIII e XIX,
Cláudia Damasceno Fonseca matou este
dragão de maneira convincente, produzindo
um trabalho acadêmico exemplar
que se apoia numa pesquisa exaustiva e
rigorosa, numa leitura crítica das fontes
e num equilíbrio bem dosado entre a
análise e a interpretação.
Seu texto, escrito de forma elegante e
bem argumentado, lança um desafio ao
leitor pela amplitude da abordagem,
pela sofisticação dos conceitos utilizados
e pela originalidade da interpretação.
Sensível às nuances linguísticas, a
autora explicita claramente os significados
do léxico de territorialização e de
urbanização. Ela salienta a importância
da religião na empresa colonizadora,
abordando a construção de ermidas
privadas, a criação das freguesias e analisando
o papel da Coroa neste processo.
A utilização das datas de construção
dos templos como indicador do surgimento
de núcleos de povoamento e da
ocorrência de mudanças demográficas
revela-se um recurso engenhoso diante
da natureza protoestatística dos dados
relativos aos anos iniciais da formação
das Minas. As iniciativas da metrópole
no sentido de criar novas vilas são
examinadas dentro do contexto mais
amplo das políticas fiscais e reformas
administrativas. A análise dos pedidos de concessão do título de vila traz à tona
as rivalidades e as tensões existentes entre
os arraiais e suas câmaras. Especialmente
reveladora é a sua investigação a
respeito dos critérios contemporâneos de
avaliação das vilas que pediam à Coroa
para anexar territórios, a extensão de
privilégios ou um maior reconhecimento
para seus oficiais camarários. Estudos de
caso revelam conflitos de interesses: de
que maneira a construção de uma igreja
podia estimular uma atividade comercial
indesejável para o dono das terras ou em
que medida a mineração no âmbito dos
espaços urbanos era prejudicial e incompatível
com a “boa ordem da república”?
Ao fazer amplas referências à literatura
de humanidades e ciências sociais, a
autora produz não apenas um estudo
seminal sobre Minas Gerais num alargado
período colonial, mas um trabalho
cujas interpretações e metodologia
podem ser estendidas a outros assentamentos
europeus ultramarinos.

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José Sena Júnior
cadastrou em:
04/07/2011 16:44:38

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