“Quando lemos em voz alta, retomamos a experiência do compartilhar; lemos para um grupo de crianças, e elas, no decorrer da leitura, podem se sentir fazendo parte de uma unidade. Quantas vezes já presenciamos grupos inteiros de ouvintes se encostando e se “protegendo” das histórias de terror que estávamos lendo? Os grupos que ouvem histórias possivelmente saem mais unidos, seus participantes mais cúmplices uns dos outros. A percepção é clara: a leitura dessas histórias realmente acalma, instaura um novo clima na sala de aula, silencia os ruídos infantis, entre outros muitos efeitos benéficos observados e invisíveis. Sabemos que as crianças amam as histórias, que poucas outras atividades de sua vida despertam tanto interesse; então, por que ainda se insiste em usá-las somente como meio de barganha? Por que não as tornamos o centro do ensino da leitura? As crianças, desde a mais tenra idade, deveriam saber que a leitura é capaz de abrir um mundo repleto de experiências e possibilidades. O desvelar dos mistérios do mundo e da própria vida interior deveria ser o objetivo principal da aprendizagem da leitura. A ânsia pela vida e a curiosidade estonteante das crianças encontram refúgio na leitura de livros de literatura.”