beira-marinho

te convido a profanar o objeto, / arriscar o rasgo, encher de / ar o fole do livro: / exibir as páginas ao sol da tua retina / deixar ele desnudo dessa sua / carta. / y a desterritorializar o poema, ous / ar o rasgo do silêncio s / agrado do poema: / chamar cada verso na casa da tua voz, / "suprema voz, dê o recado", / deixeles desnudos / nessa tua / boca. / que, se verso desnuda palavra / quinem sexo desnuda poder / y quiçá sipá cor desnuda a pele, / eu, / quinem / "rimo quase fácil", / eu é que não desnudo o segredo, / que não antecipo sentidos / que não faço spoiler / eu é que não explico: / grafismos / metáforas / poemas (nem os que en / tendi, tampouco os que não / - nem deles recl / amo). / há des(a)fios no alex poeta / (menos didático que o profeta) / aquela mansaria de maré-baixa / que a luv ira. aquela aridez turva / de cerrado quand o sol talha; há / belezas muitas em seus riscos / y dizcaminhos, então / convido: / larguess envelope que beira o livro, / mergulha logo no beira-marinho.

(tatiana nascimento)

Literatura Brasileira / Poemas, poesias