Júlio César nos legou um magistral relato político e militar da Guerra Civil em Roma. Sua vitória, após inúmeros percalços, abriu-lhe o caminho para o poder inconteste. Com esta ousada edição bilíngüe acrescida de mapas e ilustrações dos personagens principais, oferecemos uma relevante contribuição nestes tempos de recrudescimento de interesse pelos estudos clássicos.
Este contundente testemunho político e militar que aborda a luta dos anos de 49 e 48 a.C. pela supremacia em Roma, travada entre dois gigantes da História Antiga, Júlio César e Cneu Pompeu, apresenta uma narrativa repleta de lições ímpares sobre o uso (e desuso) da informação em notável maquiavelismo avant la lettre, como bem frisam as valiosas notas de Antonio da Silveira Mendonça para esta tradução, e constitui talvez o primeiro exemplo de trabalho de marketing político usando à opinião pública no que em Roma havia de democracia direta.
César (100 - 44 a.C.), exemplo ímpar de soldado, homem de Estado e escritor, notabilizou-se no exterior pela conquista e "pacificação" da Gália Transalpina e em Roma por uma atividade política febril apoiada nos populares, em oposição ao establishment capitaneado pela aristocracia. As posições irreconciliáveis entre os dois partidos levaram à ruptura no inverno de 49 a.C, quando o Senado consegue atrair para as suas hostes a figura de Pompeu, general de grande prestígio e ex-genro de César, seu antigo aliado.
O leitor terá oportunidade de seguir aqui os passos do general transformado em historiador, narrando pelo próprio punho a luta fratricida pelo poder nos quatro cantos do Mediterrâneo, na antiga Hispânia, na Gália (o famoso cerco de Marselha com sua impressionante parafernália de máquinas de guerra), na própria Itália, no Ilírico (onde Pompeu impôs dupla derrota a César), na Grécia, onde foi travada a batalha de Farsália, que entrou para a História não só porque colocou frente a frente cerca de 70 mil homens, mas porque consagrou o gênio militar de César, que teve de empregar todo seu talento estratégico e tático para derrotar um exército quase duas vezes mais numeroso. Sem esquecer o Egito da sedutora Cleópatra onde César, mesmo acuado após a morte de Pompeu, teve de provocar o trágico incêndio de Alexandria.