Que dizer de um grupo de colegiais brasileiros, saturados da influência estrangeira no país, que decidiram "concorrer" com os Estados Unidos naquilo que mais sabem fazer: foguetes? Um bando de lunáticos? Alienados? Ociosos? Toxicômanos? Ou, quem sabe, apenas jovens dispostos a tudo pela oportunidade de influenciar o destino da terra do Jeca Tatu, este lamentavelmente afogado na lama burocrática dos tupiniquins cinqüentões de cabeças brancas? Nossos irmãos mais velhos, que mamaram todo o leite da mamãe pátria ao som da cantiga de ninar: "moçada, aprendam a ouvir e a respeitar os mais velhos... blá, blá, blá". Respeito pelo saber ou pela velhice? Porra! Aprender o quê? Como privar uma geração inteira do sagrado direito de viver com dignidade, colocando-lhe nos ombros um fardo de notas promissórias no valor de bilhões de dólares? Ou aprender os truques mirabolantes dos especuladores de colarinhos brancos? Quem sabe não nos queiram ensinar o caminho para sermos grandes marajás? Quanta besteira foi dita a estes estudantes! Só um milagre explica não haverem reagido de modo quixotesco! Em vez de montarem em cavalos (drogas) e investirem contra moinhos de vento (frustrações) transfigurados em dragões, construíram e lançaram em direção às nuvens foguetes que imaginavam como a chave de libertação de um povo. Primeiro foi o sonho. Depois de muita batalha, a realidade. Bastou, porém, que os mísseis rasgassem os céus para a terra se tornar um inferno... Prepare-se, leitor, pois você está prestes a entrar num buraco: profundo, redondo... um buraco... analista.
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