"Canta, América sem fronteiras!" apresenta a realidade migratória latino-americana (com ênfase no Cone Sul e no Brasil) e percorre a história da legislação brasileira sobre estrangeiro/imigrante no país, que desde a origem foi uma legislação-amparo dos interesses da elite dominante. Focaliza a realidade cotidiana dos refugiados políticos e imigrantes limítrofes em Porto Alegre (anos 80) e em São Paulo (anos 90), apresentando um cotidiano lesado pelas restrições da vigente Lei n 6.815, de 1980, o Estatuto do Estrangeiro, uma lei penal e repressiva, promulgada durante a ditadura militar, inteiramente anacrônica, incongruente e inconstitucional, contrária, de fato, ao espírito da atual Constituição e ao contexto mundial e regional de integração e promoção dos direitos humanos.
Aborda também a lei de anistia como mera medida paliativa, já que emitida com entraves tais que excluem a maioria, conforme atestam alguns resultados das três anistias de 1981, 1988, 1998 e as entrevistas com imigrantes. Resgata ainda a memória histórica desses imigrantes, que sabem celebrar a vida mesmo nos momentos de dor, pretendendo ser uma contribuição ao atual projeto em curso para a mudança da Lei, em dimensão mais humana, partindo do pressuposto que a presença do estrangeiro, do diferente, pode ajudar a derrubar as barreiras internas injustas, que cercam ilhas de bem-estar e privilégios.
O caminho da cidadania obviamente não se limita ao percurso legislativo mas contempla a integração (que é o contrário da exclusão) em todos os níveis, tanto do nativo como do estrangeiro. A integração é ponto de partida para a coesão social e a afirmação dos princípios universais como o valor da vida e da dignidade da pessoa humana, não importando a origem, a etnia, a condição social ou diferença qualquer."
História / Sociologia