Casamento e moral

Casamento e moral Bertrand Russell


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Casamento e moral





Após fazer uma crítica violenta à moral sexual, demonstrando que suas bases ergueram-se ao longo dos séculos sobre tabus, mitos e necessidades ancestrais que já não se justificam, Bertrand Russell defende neste livro, escrito em 1929, um modelo de casamento polêmico ainda hoje, que admite o adultério e administra o ciúme em nome do amor. Ele escreve: “A essência de um bom casamento é o respeito pela personalidade do outro combinado à profunda intimidade física, mental e espiritual que faz do amor sincero entre um homem e uma mulher a mais fecunda de todas as experiências humanas. Como tudo que é nobre e precioso, esse amor exige uma moral própria, e exige muitas vezes que se sacrifique o pouco em troca de algo superior”.

Russell pontua que as práticas matrimoniais desde os primórdios e em sociedades as mais diversas sempre envolveram, nesta ordem, fatores instintivos, econômicos e religiosos, que se consolidaram ao se tornarem de algum modo úteis aos sistemas vigentes, ainda que sua origem tenha se perdido no tempo. É assim que, mesmo após a emancipação das mulheres e a democratização do acesso aos contraceptivos, persistiram as demandas de submissão feminina, costume imposto em decorrência da remota descoberta da paternidade.

Também continuam ecoando os princípios da ética cristã para o matrimônio, elaborados no antigo Império Romano durante o ascetismo, cuja origem não estaria nas crenças, como se pode inferir, mas na licenciosidade, entre outras razões mais obscuras. O casamento e a prostituição, adotados na civilização como meios de vida para as mulheres, teriam feito fenecer o cortejo, defesa da natureza contra o “cansaço sexual”. Sem a repressão de uma ética firme, os homens tenderiam a entregar-se aos excessos, banalizando a prática sexual a ponto de se cansarem dela.

Sem, contudo, conseguir expurgar a luxúria, a doutrina cristã ortodoxa passa a enxergar no matrimônio um meio de controlar o desejo: só permite o sexo entre os casados e, ainda assim, exclusivamente quando a prática tiver como meta a geração de filhos. Ou seja, o casamento cristão nasce para regulamentar o sexo, e não para legitimar a família.

Para Russell, porém, o casamento como instituição regulada pelo Estado só se justifica a partir do nascimento dos filhos, que demandam proteção, inclusive mais cuidadosa do que a proporcionada contemporaneamente. Já o amor sem filhos, propõe, pertence tão somente à esfera da vida privada.

Filosofia

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André Tadei
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22/06/2015 21:51:16

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