"Casos do Romualdo", de J. Simões Lopes Neto; Prefácio de Augusto Meyer; reúne vinte e um exemplares dos chamados causos gauchescos, histórias curtas inventadas e inverossímeis que fazem parte da cultura gaúcha tradicional, tanto que nos dias de hoje se realizam festivais onde se premiam os melhores contadores de causos. |...| ==INTRODUÇÃO DO AUTOR== Leitor!
Entendamo-nos desde já:
É possível (o autor ignora-o), que haja coletânea semelhante, anterior, nacional; se existe, para melhor bem, que supere a atual no conteúdo e na forma!
Em assunto de populário (folk-lore diz-se, elegantemente, nas altas letras...), o registro comporta o pueril do conto, o esborcinado do dizer e a ingenuidade do ouvinte.
O merecimento deste livro subsiste na paciência com que foi ele coligido; falta-lhe relevância artística, é certo; fôra porém crueza destroçá-lo por esse pecado.
Destinado à leitura entre golpes de cousas sérias, aos homens graves entediará; pois — e lhes não advirá mal, por isso —, demo-lo então aos frívolos e, destes, aos mais elevados: às crianças.
Patranhas por patranhas... que se não diga que até nisso falta-nos prata em casa!... Fica entendido, pois não?".
|...| A vivacidade da imaginação de Romualdo chega a sugerir-nos o movimento de um desenho animado; a mentira puxa mentira e anda com botas de sete léguas, por trancos e barrancos, mas as criações mais desvairadas são expostas com minúcias de narrador escrupuloso, o que provoca um singular efeito de contraste, como se Romualdo fosse o guarda-livros da mitomania. |...| o Simões Lopes humorista, livre agora das peias do realismo, deixa a fantasia galopar à vontade e entra num ritmo acelerado de inventiva gratuita. |...| Apresentando agora os "Casos do Romualdo", a Editora Globo não só homenageia a memória de Simões Lopes Neto, como oferece ao público brasileiro a oportunidade de conhecer esta obra — praticamente ignorada — do grande regionalista gaúcho.