Chica Machado

Mulher negra, obesa, escrava e... vitoriosa. Chica Machado saiu da condição de negra cativa para a posição de senhora, esposa e mãe, respeitada socialmente e amada por seus escravos. Assim foi imaginada a mulher Chica Machado que viveu em Goiás no período aurífero por volta de 1750. Fiquei sabendo dessa história pela boca dos moradores de Cocal quando estava no local, realizando uma pesquisa científica. Chamou-me atenção o fato de essa história existir na oralidade por mais de 2200 anos sem nunca ter sido registrada.
Há registro dessa mulher como moradora de Cocal em 1770, por Bertran. Sabe-se que um de seus filhos, o padre Silvestre Álvares da Silva foi membro do grupo de deputados representando Goiás na primeira Constituição Brasileira, já no início do século XIX. Independente disso, a verdadeira história de Chica Machado, com toda sua possível riqueza de detalhes, encontra-se perdida no tempo. No entanto, percebe-se sua importância por sua permanência na tradição oral. Tornou-se, pelo que é possível especular, um mito. Foi a necessidade de recontar esse mito que me motivou a escrever esse livro. Na verdade, recrio a história de Chica, ou melhor, dou asas à imaginação de modo a fazer com que seu espírito renasça através da narrativa - o espírito de uma mulher que venceu enormes dificuldades.

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