Coletânea Poética 13

Coletânea Poética 13 Adriana Abreu...


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Coletânea Poética 13


Roberto Leal - organizador




Nesta coletânea cada autor foi apresentado por um outro poeta. Transcrevo, aqui, apenas a apresentação que fiz: As poesias de Rosalino de Carvalho Van-Dúnem

Por Valdeck Almeida de Jesus*

O amor percorre as veias desse poeta e lhe inspira na escrita dos poemas que cantam as emoções da vida, do povo e da cultura de seu país, Angola. Desilusão com o amor ele demonstra no texto “Amor de Infância”, quando diz que hoje em dia dizer que se vai morrer por uma menina vira comédia. Mas, apesar de estar desiludido com este sentimento, que remonta a uma época sem maldades e sem más intenções, ainda resta uma esperança, mesmo que remota de reencontro com o equilíbrio. É o que se percebe da leitura do poema citado, que termina com um conselho ao leitor: fazer da sua vida um amor de infância. É contraditório, como o amor. Afinal, amar é se jogar numa enxurrada ou no olho de um furacão de emoções; amar, também, é calmaria, como ‘uma rosa/fina flor/’ que, apesar de plantada em um quintal esverdeado, pode não florecer e morrer sem acalmar os ânimos da alma. Assim, também, se encontra Rosalino, como num pêndulo - indo e vindo - entre o humano e o fantástico, pois o mundo do poeta não é o terreno, é dos sonhos e das utopias. Ele, poeta do amor impossível, do amor utópico e muso de criações artísticas que perpetuam o sentimento no horizonte, vive fazendo da morte a vontade de viver e denuncia a morte de seu poeta interior por conta da surdez do mundo, que não sonha nem mais lhe dá ouvidos.
E a desilusão segue seu passo, fazendo o artista (até mesmo) comprar amor de uma meretriz, e, assim, se deixa embalar pelo pêndulo que lhe balança entre o ideal e a realidade nua e crua dos humanos. Ele, poema/homem, híbrido de deus e de ser mortal, compra briga com os próprios sentimentos, subvertendo as emoções sublimes em reles experiências humanas. Afinal, nem só de caneta e papel vive um poeta; ele vive, também, de fazer alquimia de palavras, mesclar imaginário com o chão duro de sua terra. Nessa angústia divina, tenta e consegue transformar o cotidiano e o meramente trivial em algo sublime. Mesmo que, para isso, necesside de ajuda dos céus. O poeta clama ao infinito para lhe iluminar os passos e as ações. Nesse sonho, caminha pelo mar com os pés do ser supremo e pede apoio para descobrir quais os caminhos corretos a trilhar. O pé nas nuvens, antes de ser uma pista para sair do redemoinho caótico da Terra, é apenas parte dos devaneios poéticos, talvez o pesadelo criador de utopias e sonhos.
Os sonhostalvez não lhe sirvam no mundo de imaginação, onde o desconhecido pode cegar a inspiração. Mas a vida cotidiana, esta sim, visível e palpável, com suas dores e alegrias, atrai a mão do poeta/criador, que a transforma em algo suportável ao vivente comum. Mesmo desumanizadora, a vida dura e sofrida do povo angolano desperta obras belíssimas, como o poema “Zungueira”, em que Van-Dúnem descreve a atividade cotidiana de uma das milhares de mulheres angolanas, a vender de tudo pelas ruas das cidades, em bacias sustentadas na cabeça. Esta imagem emblemática marca vários poemas, que exprimem a alma da poesia, da mulher, do poeta e da arte de Angola, que já encontrou o caminho e seu lugar na literatura.

Valdeck Almeida de Jesus é jornalista, escritor, poeta e mecenas cultural. Autor de mais de 15 livros e participante de quase 90 antologias.
www.galinhapulando.com

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Valdeck2007
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14/05/2013 07:50:21

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