Construções de identidades pós-coloniais na literatura antilhana

É impossível ignorar, nas últimas décadas, a importância de duas pequenas ilhas do Caribe, Martinica e Guadalupe, no quadro da produção literária em língua francesa.

Projetadas no cenário internacional pela poesia de Aimé Césaire, as Pequenas Antilhas francesas foram ganhando espaço na cena cultural contemporânea, não só pelo reconhecimento internacional da qualidade literária da obra de seus escritores, mas principalmente pelo interesse despertado por sua intensa e profícua reflexão sobre as relações entre cultura e colonização e, mais recentemente, sobre a natureza e as perspectivas dos contatos entre as diversas culturas do mundo. Frantz Fanon e Edouard Glissant são hoje referências obrigatórias nos estudos culturais.

Nesta obra de Eurídice Figueiredo, o rigor do trabalho acadêmico é conciliado com uma abordagem pessoal e instigante numa linguagem acessível aos não iniciados, apresentando em toda a sua complexidade um amplo espectro dos problemas decorrentes das relações interculturais (racismo, transculturação, plurilinguismo, hibridismo, entre outros) e a contribuição de escritores antilhanos como Aimé Césaire, Frantz Fanon e Edouard Glissant para a elaboração de novas formas de abordagem da questão das construções identitárias nos países oriundos dos antigos impérios coloniais.

Ao privilegiar, na sua seleção de romancistas, Patrick Chamoiseau, Maryse Condé e Simone Schwarz-Bart, a autora contribui para a leitura desses escritores internacionalmente reconhecidos e opta por autores traduzidos no Brasil, o que permitirá que mais leitores tenham acesso às suas obras.

O livro destaca as imbricações entre o que poderíamos chamar de "pensamento antilhano", o pensamento ocidental e as correntes contestatárias emergentes. E também deixa entrever quão rica poderia ser a contribuição do estudo dessa literatura para uma melhor compreensão da realidade cultural brasileira.

Literatura Estrangeira