O cotidiano dos imigrantes italianos e dos ítalo-descendentes na cidade de São Paulo foi o universo abordado pelo escritor Alcântara Machado (1901-1935). Sensível à assimilação da imigração na capital paulista, sua prosa é marcada pela ruptura das convenções, o que o aproximou dos principais representantes da Semana de Arte Moderna de 1922.
Jornalista e político, alem de escritor, o autor percebeu como a interação entre italianos e brasileiros foi alterando o perfil da cidade e em sua primeira coletânea de contos, Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), registrou, em narrativas curtas, de estilo jornalistico e linguagem coloquial, toda a riqueza dessa experiencia no espaço urbano.
Em Laranja da China (1928), segunda coletânea de contos, o escritor elegeu figuras brasileiras como protagonistas de textos mais elaborados, mas ainda de estilo econômico, com frases sucintas e diálogos breves, porém reveladores das características essenciais dos personagens.
A linguagem livre, solta, bem-humorada e espontânea ergue um mundo peculiar, ao qual é impossível ser indiferente. Textos que mergulham numa agradável oralidade informal, de ampla comunicação com o leitor, e a facilidade de compor cenários, captar atmosferas e justapor situações aproximam sua produção do cinema e são suas principais características.
Esta edição reúne as obras Brás, Bexiga e Barra Funda (1927) e Laranja da China (1928). O universo urbano e retratado com proximidade. Bairros paulistanos, meios de transporte e outros elementos cotidianos indicam um escritor sintonizado com seu tempo. Certamente um dos maiores nomes da literatura brasileira, definido por Mário de Andrade como "o mais universal dos paulistanos".
Contos