O que é um pensamento "Desarrrazoado"? No que é ele distinto da loucura dita clínica, ou da sensata racionalidade? Quais experiências, no contexto contemporâneo, atestam a força de uma experiência da desrazão, seja no campo filosófico, poético ou mesmo existencial? Foucault mostrou que enquanto a sociedade enclausurava os ditos "loucos", paralelamente, seguindo um registro e um ritmo próprios, a filosofia excluía de seu domínio uma dimensão desarrazoada com a qual mantivera, outrora, uma enigmática vizinhança. Peter Pál Pelbart acompanha e aprofunda essa intuição Foucaultiana, e a prolonga na direção de nossa atualiadade. Percorrendo autores como Kafka, Artaud, Blanchot, Barthes, Serres, Lacan, Derrida e sobretudo Deleuze, o autor traça uma linha ziguezagueante no pensamento contemporâneo. Não se trata de estetizar a loucura, ignomínia frequente, muito menos de fazer abominável apologia da irracionalidade. o desafio consiste, ao contrário, em sondar algumas potências do pensamento e da vida, em domínios diversos, que extrapolam a clausura que a racionalidade ocidental, em sintonia com a racionalidade psiquiátrica, reservaram a uma experiência da diferença.