Desenho Universal para a Aprendizagem e Ensino Inclusivo na Educação Infantil

A educação é um direito social garantido a todos os brasileiros e brasileiras pela Constituição de 1988, e tem por objetivo o pleno desenvolvimento da pessoa, garantindo seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Cabe à escola, portanto, oferecer condições para que todas as crianças e todos os jovens possam atingir o seu potencial, respeitadas as suas características e necessidades individuais. Essa tarefa, porém, tem sido um desafio, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
A diversidade tem sido a principal característica das classes escolares, tanto em escolas públicas quanto em instituições privadas. Para além de diferenças culturais, socioeconômicas ou de repertórios, é preciso reconhecer que uma ampla variedade de diferenças sutis faz de cada aluno uma pessoa única. Esse reconhecimento de que as diferenças são a regra, e não a exceção, exige uma escola flexível, que reconheça que currículos e práticas de ensino engessados são uma barreira à aprendizagem de todos os alunos, da mesma forma que escadas são barreiras às pessoas com qualquer tipo de limitação física, temporária ou permanente.
Concebido no âmbito da Educação Inclusiva, o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) parte do princípio de que currículos que são flexíveis na sua origem beneficiam todos os estudantes, e não apenas aqueles que apresentam algum tipo de deficiência ou altas habilidades. Além disso, currículos flexíveis não demandam “adaptações específicas” para alguns estudantes, uma vez que são estruturados para atender a necessidades diversas. Tal flexibilidade deve estar presente em todos os níveis educacionais, da Educação Infantil ao Ensino Superior.
De acordo com o DUA, a flexibilidade deve estar presente no estabelecimento de objetivos de ensino, nos materiais a serem utilizados, nos métodos adotados e nas formas de acompanhar ou avaliar o progresso do aluno (Hitchcock, Meyer, Rose, & Jackson, 2002). Planejado dessa forma, o currículo permitirá ao professor oferecer uma ampla gama de alternativas de acesso para que os alunos se engajem na aprendizagem. O DUA tem sido amplamente estudado e aplicado em diversos contextos educacionais de diferentes países, mas seu uso na Educação Infantil ainda tem sido pouco explorado. Essa lacuna precisa ser preenchida, uma vez que se sabe que a Educação Infantil é uma etapa importante na vida escolar da criança e que os desafios enfrentados por professoras e professores nesse período não são menores do que os enfren-tados nos ciclos posteriores.
Este livro tem por objetivo discutir os princípios do DUA e sua aplicação na Educação Infantil. Sua proposta baseia-se na pergunta: como podemos planejar e desenvolver um ensino direcionado a todas as crianças de uma classe de Educação Infantil, levando em conta os princípios do DUA e as características de cada criança?
Não por acaso, este livro começa discutindo a Educação Inclusiva e suas características. O DUA parte do princípio de que a educação é um direito de todas as crianças e que é a escola que deve proporcionar meios para que o aluno aprenda, e não o aluno que deve se adaptar ao que a escola tem para oferecer. Nos capítulos seguintes, são apresentados e discutidos os princípios do DUA. Todos os tópicos são escritos em linguagem acessível e acompanhados de exemplos práticos de aplicação em sala de aula. O objetivo desses exemplos não é sugerir atividades a serem aplicadas pelo professor na sua realidade, mas sim analisar como os princípios discutidos estão presentes em situações de ensino do dia a dia. Com isso, esperamos que cada leitor/leitora possa pensar sobre as características únicas de sua classe e de seus alunos, e aplicar os princípios do DUA no seu cotidiano escolar.
Esperamos que esse material contribua para a prática docente dos leitores e leitoras de modo que, ao final, cada um sinta-se apto a propor formas de ensino mais inclusivas aos seus alunos na Educação Infantil. Boa leitura!

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