Deuses Gregos: Seus Amores e Descendentes

Sem que se saiba como, quando e por quem foram criadas, atravessam séculos e séculos, anteriores à era cristã, as fantásticas histórias dos deuses, semideuses, heróis e simples mortais que compõem a extasiante Mitologia Grega, produto da fértil imaginação dos antigos povos helênicos. Essas histórias, apenas divulgadas na região dos cânticos dos vagueantes aedos, alcançaram os dias atuais e se eternizaram graças aos poetas Homero, nascido no século IX a.C., autor dos primorosos épicos "Ilíada" e "Odisseia", e Hesíodo, nascido no século VIII a.C., autor do erudito poema "Teogonia", montagem da genealogia dos deuses e a fonte principal desta fabulosa geração.
Depois vieram os clássicos gregos Píndaro, Apolônio de Rodes, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Píndaro, de existência entre os séculos VI e V a.C., considerado o príncipe dos poetas líricos, é o autor de "Epinícius" ou "Odes Triunfais", cujos cânticos celebram os atletas vencedores dos Grandes Jogos Gregos; Apolônio de Rodes viveu no século III a.C., e compôs o poema épico "Os Argonautas"; os demais viveram no ,século V a.C. e criaram famosas tragédias, cerca de três centenas de peças elencadas por personagens mitológicos.
Há ainda outros, como Heródoto (484 a 424 a.C.,), cognominado o Pai da História; Apolôlodro, que no século II a.C., historiou a lenda dos deuses e dos homens em sua obra "Biblioteca"; e Pausânias, que no século II descobriu preciosas relíquias arqueológicas da antiguidade clássica.
Essa memorável cultura chegou até aos povos da língua latina, trazida pelas vencedoras legiões romanas um século e meio antes da Era Cristã. No mundo ocidental propalou-se por força de eruditos latinos, que escreveram sobre o mesmo mote, como Catulo, autor do poema "Núpcias de Tétis e de Peleu"; Ovídio, que nos quinze volumes de sua obra "Metamorfoses" engloba todas as lendas e o tempo em que elas se desenrolaram; Virgílio, que na epopeia "Eneida" narra as atribuladas aventuras do herói Eneias, desde a partida de Troia derrotada e destruída até sua chegada às plagas itálicas, sua futura morada; Sêneca, que biografa os heróis Agamemnon e Hércules, a influente feiticeira Medeia e o infeliz incestuoso parricida Édipo; Apuleio, que em seu romance com o título curioso "Metamorfoses ou o Burro de Ouro", relata os líricos idílios e os dissabores de Psiquê e Eros, o filho de Vênus (Afrodite).
No decorrer do tempo surgiram novos intérpretes dessa inesquecível cultura, e hoje, milhares e milhares de alentados volumes se encarregam de torná-la cada vez mais conhecida pelo mundo afora. Neste apanhado procurou-se fugir da tradicional individualização das personagens em verbetes dicionarizados, ou de episódios estanques, optando-se por agrupá-las em suas respectivas famílias, numa espécie de árvores genealógica, com o propósito de dar ideia das grandes clãs que elas constituíam.

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