A palavra diálogo causa tanto fascínio nos discursos pedagógicos e nas comunicações em geral que dificilmente nos damos conta de seu profundo significado e de suas constantes armadilhas. É como se a palavra contivesse em sua própria definição uma força mágica, uma sacralidade capaz de introduzir em qualquer contexto uma transformação emancipadora, revolucionária, libertadora, democrática.
Freqüentemente, assistimos a discursos entusiasmados de educadores em prol de uma prática dialógica. Esses educadores, na maioria das vezes, não apenas constroem discursos para justificar o diálogo, como também se autodefinem como dialógicos. Apesar disso, o diálogo – conceito-chave para pensar, de forma geral, a articulação da prática pedagógica e, de forma específica, o trabalho filosófico – acaba defrontando-se com inúmeras dificuldades impostas pelo seu efetivo exercício: de um lado, a dificuldade de compreender o real e profundo significado do seu próprio conceito; de outro, a dificuldade de identificar certas ambiguidades inerentes à decisão de se aderir a uma prática dialógica. Nesse sentido, o livro Diálogo & investigação carrega a pretensão de oferecer ao leitor, por meio de diferentes perspectivas, um referencial teórico que lhe possibilite, além de um significativo esclarecimento conceitual, adotar as medidas necessárias para que possa identificar e superar as aporias de uma prática dialógica. Diálogo & investigação: perspectivas de uma educação para o pensar é uma produção do Núcleo de Educação para o Pensar (Nuep) de Passo Fundo/RS. Preocupados com a qualificação do ensino da filosofia professores e assessores do Nuep – Passo Fundo/RS –, além de oferecer às escolas cursos e assessorias, dedicam-se à produção de subsídios que possam contribuir para a formação dos professores que atuam com o Projeto Filosofia com Crianças e Jovens.