A década de 1960 é considerada emblemática. Além das mudanças culturais, o Brasil atravessava um momento político bastante delicado, ocasionado pela implementação da ditadura civil-militar, em 1964. Para a Igreja Católica, a década de 1960 também representa mudanças. A realização do Concílio Vaticano II (1962-1965) trouxe consigo transformações estruturais. Uma nova forma de delimitar o papel social de sacerdotes, religiosos e religiosas e as possibilidades de uma atuação mais próxima aos fiéis impunham reflexões e reelaborações a respeito dos sentidos atribuídos à vida religiosa. Neste conturbado contexto, propomos discutir os espaços políticos e sociais de atuação das religiosas, com o objetivo de perceber a participação destas em movimentos organizados ou ações isoladas de resistência ao regime autoritário. Para tanto, atentamos, primeiramente, à compreensão dos elementos que caracterizavam a vida religiosa feminina e como estes foram reinterpretados durante o período proposto, em função das mudanças institucionais na Igreja Católica. A seguir, dedicamo-nos à observação e análise da presença e participação de religiosas em movimentos de cunho político-social, que de alguma maneira poderiam ser classificados como resistentes ou de oposição ao regime ditatorial. Foram observadas as possibilidades de atuação e, especialmente de resistência das freiras em relação à ditadura militar, a partir da compreensão das especificidades da vida religiosa feminina.
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