Em El jardín de senderos que se bifurcan, J. L. Borges menciona um sábio que não acreditava no tempo linear: “Creía en infini-tas series de tiempos, en una red creciente y vertiginosa de tiempos divergentes, con-vergentes y paralelos. Esa trama de tiem-pos que se aproximan, se bifurcan, se cor-tan o que secularmente se ignoran, abarca todas las posibilidades” .
A dinâmica do capital parece seguir esse fluxo do tempo borgiano, pois, em suas dis-tintas sendas, ora irriga a produção, distri-bui o alimento e mata a fome, ora promove a ciência, desenvolve vacinas e traz a cura, mas também fomenta conflitos, fabrica ar-mas e faz a guerra. Tudo isso, e ainda mais, compõe esse emaranhado de caminhos que se multiplicam.
Ocorre que a hipertrofia da atividade financeira - intensificada com a globaliza-ção, a desregulamentação e a instantanei-dade do fluxo de capitais - compromete todo o sistema e prenuncia uma crise sem precedentes das finanças mundiais, com violentos impactos no mundo do trabalho, no setor produtivo e, em suma, na vida real das pessoas.
Portanto, Dominância Financeira e Priva-tização das Finanças Públicas no Brasil, que o Fonacate tem orgulho de levar a público, é um grito de alerta para evitar o abismo que nos espera. E isso é feito com a profi-ciência de estudiosos que dedicaram uma vida à reflexão sobre a temática aqui de-senvolvida, e sob a curadoria do incansável José Celso Cardoso Jr., a quem desmedida-mente agradecemos.
Economia, Finanças