Subir uma montanha, descer um rio e escalar uma parede são atividades que exigem do praticante mais do que esforço físico: requer um ritual que separa o escalador ou canoísta dos mortais comuns e os aproxima do divino, sacrilizando sua existência. Todo preparo para essa "viagem" remete ao sentido de um ritual orgiástico: a busca do êxtase final. Quando mais o homem sobe uma montanha ou desce um rio selvagem, mais ele se supera e se aproxima de sua religiosidade, escamoteando o tempo presente, vivendo uma aventura pessoal de liberdade e transcendência. O praticante se aproxima, assim, do divino que reside nele mesmo.
Essa prática na natureza, em meio selvagem, está associada à idéia de aventura, com um forte valor simbólico. Trata-se de uma aventura motriz que mobiliza o imaginário, influenciada pelos mitos e símbolos que animam a cultura em que se desenvolve a atividade. Há um instinto de jogo como próprio limite. Nesse jogo, os atores satisfazem sua imaginação criadora mapeando as montanhas com trilhas, vias e rios, provando a si mesmos sua capacidade de autocontrole, autosuperação e autoaperfeiçoamento.