A roboticista não responde. Sua mente resolve num turbilhão de pensmentos, gerados pela simples hipótese de ser uma autômata. Será isso realmente possível? Tudo o que sente nesse instante - a decepção por seu relacionamento fracassado na Terra; a paixão que julga sentir por Viktor; a confusão mental - não passa de uma emulação feita por um software? Até mesmo a angústia que lhe aperta o peito - e que ela não sabe como colocar para fora - resulta de cálculos binários feitos por um processador instalado em alguma parte de seu corpo? E as memórias que carrega consigo, as lembranças da infância e da juventude? Não passam de meros conjuntos de bytes armazenados nela exatamente para convencê-la de que tivera uma vida humana normal? E as lágrimas, o choro? Como consegue chorar, se revoltar? Nada faz sentido.
Ficção científica