Assumindo uma postura de “maldito” numa época em que nomes importantes da MPB estavam no exílio, trabalhando sob o impacto esmagador da extraordinária geração surgida nos festivais da canção da segunda metade dos anos 1970, Sérgio Sampaio estreou com um álbum que combinava samba, rock e marcha-rancho, entre outros gêneros, e que resumia com perfeição o clima de baixo-astral do momento. Embora a faixa-título tenha sido o único sucesso obtido pelo autor em toda sua carreira, Eu quero é botar meu bloco na rua contém um punhado de canções notáveis, como “Filme de terror”, “Pobre meu pai” e “Eu sou aquele que disse”: elas retomam alguns dos principais temas do momento – o elogio da loucura, a sensação de marginalidade, a paranoia generalizada, o estranhamento entre as gerações. Antes de sua morte prematura, Sérgio Sampaio ainda pôde lançar dois outros discos, deixando inacabado um quarto, lançado postumamente; mas sua obra-prima é sem dúvida seu trabalho de estreia, de importância fundamental para a compreensão do período da história da nossa música popular entre o fim da era dos festivais e a eclosão do rock-Brasil dos anos 1980.