Vivo simplesmente ouvindo e contando histórias. A Vida vive me ensinando, isto é, colocando em meu corpo, tecido de alma, pequenas sementes de esperança, a frágil verdade de que ser contadora de histórias é uma forma de encantamento pela Vida mesma. Sei que somos uma Humanidade feita de Palavra. Somos textos, tecidos vivos em relação. Nossos contos e auto-contos, nossos textos de relação, são o espaço para a construção de relações recriadas, de “outros mundos possíveis”.
Percebo, nos caminhos e geografias percorridos pela “alma-corpo-alma”, sobretudo de mulheres empobrecidas que fazem leitura popular e feminista da Vida e da Bíblia, que, através dos auto-contos e da escuta de nossos contos coletivos, nós mulheres vivenciamos um início de uma experiência místico-espiritual, experiência esta de possibilidade de cura entre nós com a Humanidade e a Terra.
(Eu, Terra do Meio, 80-81)