O mundo da arte, com suas razões estéticas universais, pode se declarar fora das regras do regime patriarcal? Este campo está livre de telhados de vidro, de mansplaining e estereótipos de gênero? Nada disso parece corroborado quando se olha para os números do sistema oficial: as mulheres têm menos prêmios, menos presença em exposições e ocupam, com poucas exceções, lugares subordinados nas histórias de arte. Diante desse cenário, um intenso movimento de transformação está em andamento. Das mãos do ativismo feminista e de gênero, a partir dos anos setenta do século passado, a arte ofereceu ferramentas para um imaginário libertador e colocou o corpo feminino como um local privilegiado de expressão de uma subjetividade dissidente.
O feminismo e a arte latino-americana apresentam uma visão teórica e quantitativa da cena feminina nas artes visuais e para na intervenção de artistas que contribuíram para a construção de uma imaginação emancipatória na América Latina. Andrea Giunta aborda nestas páginas o surgimento de novos temas - maternidade, assédio, prostituição, corpos divergentes - e novas formas de representação, que desafiam não apenas as diferenças entre arte feminista e feminina, mas também relacionamentos de poder registrado nas formas de ver e mostrar.
Este livro conta a história de uma revolução em andamento e é proposto como uma intervenção ativa do conhecimento. Se ainda hoje o universo da arte replica, sob as formas de exclusão e invisibilidade, os diferentes tipos de violência contra as mulheres, restaurar o significado político do feminismo artístico não significa substituir um conjunto de nomes em um sistema de poder, mas contribuir para a abrindo uma compreensão diferente do mundo.
Artes / História