A mulher é um ventre. As ideiais de que a essência da mulher é o útero e que a mulher está a seu serviço, que o útero está a seu serviço, que o útero é um animal vivo dentro de outro, que o Todo-poderoso construiu primeiro o útero e depois fez a mulher ao seu redor, nascem com o patriarcado mesmo e constituem a premissa (mais ou menos explícita) da criminalização do aborto. Meu corpo é meu. As ideias de que o corpo das mulheres não seja propriedade nem dos homens, nem da espécie, nem do Estado, que o corpo é da mulher e somente ela tem domínio para decidir sobre seus órgãos e capacidades, coloca em questão que a mulher é um ventre, e ao mesmo tempo opõe o direito sobre seu próprio corpo ao direito do embrião à vida (nesse corpo).
Não-ficção