Um livro é uma conspiração de mistérios. Quando é coletivo, como este em suas mãos, é um tumulto. Ideias, desejos, ânsias, frestas, reparação, dúvida, abismos, cavalos em disparada. Por isso nos reunimos, falamos, discutimos, ouvimos, pensamos, sofremos. Sabemos que não somos nada diante do milagre do universo. Grão de pó na areia do deserto. Carregamos apenas uma coisa muito nossa, nós, cúmplices do mistério do livro. Carregamos um orgulho obscuro e um pouco tolo: somos escritores. Inventamos o cano do revolver na veia inchada, a lúxuria, a penúria, a preguiça, coisas vis e mesquinhas e as mais gloriosas e redentoras. Carregamos essa cruz. Somos obrigados a pensar, pulgar, chorar, ter o gelo do medo na ponta dos dedos diante da página em branco. Nossa sina e destino. Estamos presos a essa irmandade - A jornada de cada um de nós é a jornada do herói que tanto buscamos, palavra por palavra. Irmãos de jornada! Que sublime vai ser acompanhar a cada um, longe ou perto, através das estradas e dos mares e dos voos.
Por: Tabajara Ruas e Rozi Oesterreich.