"Entre a sabedoria e a ignorância há uma fronteira. Para além deste contorno se encontram as trevas da superstição, da crendice e da ilusão; para aquém desse mesmo contorno, a claridade do bom senso, da sensibilidade e do discernimento. A fronteiraem si, no entanto, tem um valor transcendente. Ela é a referência, o senso de propósito e direção que nos permite classificar e ordenar pensamento e intuição. Conhecer estas regiões limítrofes, mais do que qualquer área da inteligência, permite que se compreenda o que é real e o que é produto de distorções e desvios.
Nestas fronteiras, onde nem a claridade nem as trevas predominam, há apenas uma sagrada penumbra. Nela habitam verdades que nunca se tornam certezas e que denominamos espiritualidade. Saber transitar por esta tênue penumbra sem cair na ignorância ou na racionalidade é o próprio coroamento do pensar, o nível máximo de lucidez."
Nilton Bonder