Helena é um romance que deve ser lido considerando-se dois momentos históricos: Machado situa os acontecimentos no clima histórico de 1850, mas escreve em 1876, quando acontecimentos importantes, como a Lei do Vente Livre, já prenunciavam nos valores tradicionais de dominação.
Comparando com outros romances românticos, percebe-se a diferença na forma de Machado de Assis construir o perfil feminino: no romantismo tradicional, a figura feminina tem um papel dependente, cabendo ao herói, em geral descrito como cheio de nobreza, caráter e força, a ação principal na narrativa.
Com seu estilo contido, com suas frases curtas, sem enfeite, vocabulário acessível e ágil, sua extraordinária capacidade de expressão, Machado nos encanta com a história de Helena, mas no final não contradiz as tradições do romance romântico. Sua heroína não assume uma posição emancipada, nem se torna dona do próprio destino. Prevalecem cânones morais e a pena máxima imposta a Helena garante um final bem trágico bem ao estilo do Romantismo convencional.
Ficção / Romance / Literatura Brasileira