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Impetus Heráclito Pinheiro


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Psicologia, Mitologia, Cultura




O presente volume é uma coletânea de textos que, a despeito de suas diferenças e de não terem sido planejados para comporem um único volume, possuem pelo menos três similaridades essenciais. A primeira delas e a mais óbvia é a de que seu principal, porém não único referencial teórico é a Psicologia Complexa fundada por Carl Gustav Jung. Dois dos autores, Filipe Jesuíno e Heráclito Aragão, de uma maneira ou de outra, ao longo dos últimos anos, têm se empenhado no ensino da teoria de Jung e, em parte, esses escritos resultam desses esforços.

Um dos resultados desses esforços de ensino são os escritos de Thomaz Rocha e Emmanuel Simões, ambos passaram por esse ensino e, por méritos próprios, figuram nessa obra, mas trazendo a marca de uma escrita rigorosa e comprometida, livre de mistificações tolas e, para usar uma alegoria proposta por Jung, reconhecendo que os conceitos nada mais são do que meros algarismos, e seu sistema conceitual, não mais do que uma rede trigonométrica recobrindo uma área geográfica. A marca desse rigor epistêmico se manifesta, igualmente, pela atenção em evitar o preconceito que Jung apontou inúmeras vezes em seus escritos, o de que o nome explica ao mesmo tempo os fatos psíquicos que ele denota.

Pelo contrário, leva-se muito a sério o crivo fundamental e único de validade de qualquer hipótese Psicológica como proposto por Jung, sendo esse único critério de validez o seu valor heurístico, Isto é, explicativo. Nesses escritos a teoria é uma importante ferramenta heurística e nesse ponto reside sua segunda similaridade. Esses escritos tratam da alma em sua relação com o mundo, das agruras de nossa sociedade, e da tentativa de perceber, por detrás dos fenômenos culturais, o pano de fundo psíquico inexpresso. Trata-se de, simultaneamente, perceber o homem como mito – como é e como sempre foi e será – e perceber a grande multiplicidade e variedade de possibilidades do acontecer humano como ele se apresenta a nós hoje.

Somente por meio do presente, e tendo os pés firmes em nosso tempo, podemos perceber o homem em sua conexão com a eternidade. Além de tudo isso, os autores, nos quais me incluo, fogem do que se tornou o viés acadêmico em sua pior conotação. O da produção pela produção, sem que a qualidade dos escritos, seu papel social, e seu impacto sejam levados em consideração. Ao contrário de muitos dos textos acadêmicos, que são publicados com o expresso intuito de serem publicados, ou seja, apenas para computar alguns pontos em algum sistema impessoal de medição de valor acadêmico, e que devem se perder no limbo das publicações, esses textos foram feitos para serem lidos! Eles possuem o intuito de gerar o debate de ideias, de contestar e serem contestados, escapando ao hermetismo estéril a que está submetida à academia e o trabalho de Sísifo que se tornou a corrida incessante por publicações, bem como o círculo desesperadoramente vicioso dos meios Junguianos.

A Psicologia Complexa é uma psicologia marginal, que sofre com abusos de toda sorte, inclusive e principalmente, o desejo perverso de matar e superar Jung. Em meu entender Jung ainda nem começou a ser compreendido, seu opus foi apropriado por misticismos tolos, que ele combateu em vida, e pela falta de rigor, seriedade e compromisso que marcam profundamente esse meio. A incompreensão e a má fé levam aos mais terríveis descaminhos, mas abusus non tolite usum. Tenha por certo que o livro que você tem em mãos segue a risca uma das prescrições fundamentais que nos foi legada por Jung. A psique não pode ser apreendida numa teoria; tampouco o mundo. As teorias não são artigos de fé; quando muito, são instrumentos a serviço do conhecimento e da terapia; ou então não servem para coisa alguma.

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17/11/2014 11:46:34
Cioran E.
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