"Irene ou o Contrato Social", tem como figura tutelar Irene Lisboa, embora não se trate propriamente de uma biografia romanceada da escritora. Esta Irene é mais velha que a autora de "Uma Mão Cheia de Nada, Outra de Coisa Nenhuma" quando morreu, em 1958, com 65 anos. O romance passa-se no nosso tempo (acaba em 1999) e reflecte o imaginário português, e também europeu, dos últimos 10, 15 anos, de forma polifacetada, perturbante, por vezes revoltada.
Em entrevista ao JL (31/05/00) a escritora afirmava: « É um livro muito centrado em vicissitudes pessoais, mas em que a marca da inserção social está sempre presente. Nesse aspecto é um contrato entre mim, e a sociedade (lisboeta, mas também portuguesa) e a coisa europeia.» E mais adiante: « O Orlando (um personagem mulato, mestre na arte dos graffiti) representa o futuro da Europa: ser mestiço. Já cá estão. Já cá estamos: nós próprios somos mestiços culturais, mestiços étnicos, mestiços linguísticos - não falamos só português. A mestiçagem (...) é para mim um dos temas principais deste livro.»
Literatura Estrangeira