O livro de Adriana Barsotti – agora com o título Jornalista em mutação: do cão de guarda ao mobilizador de audiência – demonstra que é possível entender a história do jornalismo na democracia moderna a partir da polarização entre as vertentes econômica e ideológica que disputam o campo jornalístico. Pela vertente econômica, a imprensa se torna, com a instituição da informação enquanto mercadoria, ainda no século XIX, em um negócio empresarial. Já pela vertente ideológica, a profissionalização dos jornalistas – resultado da comercialização da imprensa – implica disputa pela definição das notícias em função de valores éticos e normas deontológicas que ressaltam o papel político da informação na democracia.
Entretanto mais do que uma polarização entre as vertentes constituintes do campo jornalístico, é possível compreender a gênese do jornalismo informativo a partir desse paradoxo: não só a expansão comercial dos jornais possibilitou a criação da carreira jornalística, como esse novo paradigma – fornecer informação – permitiu a emergência de valores que continuam sendo identificados contemporaneamente com o jornalismo. Os mais fundamentais desses valores são, resumidamente, a produção de um discurso constituído pela vontade de verdade e a noção de serviço público que permeia a prática profissional – valores esses que são objetos de disputa teórica e conceitual; portanto, de disputa política.
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