Em Lalau, o fantasma do Macuco, Carlos Moreira Santos,com base em relatos de seu pai, nos fala da figura enigmática e até folclórica de Lalau, um perigoso bandido que, no início deste século, aterrorizava grande parte da população da Baixada Santista. Lalau, no entanto, é apenas um canal por onde o autor deixa fluir todo seu talento de narrador e, também, toda sua sensibilidade do poeta. Usando uma linguagem simples, objetiva e sem erutitismo, Carlos Moreira Santos consegue mergulhar fundo na alma humana, revelando-nos as frustrações, os temores, as fraquezas e os desejos mais íntimos de seus personagens.
Ao contrário do que se poderia pensar, o autor não pretende, depis de tantos anos, criar com esta obra, nenhum tipo de polêmica em torno das circunstâncias do assassinato do terrível Lalau. Os fatos chegaram a seu conhecimento por intermédio de seu pai, Custódio Moreira Santos. Convem ressaltar, ainda, que o Autor pôs nesta obra todo o seu gênio criador, misturando ficção com fatos verídicos. O resultado disso - pelo menos a nosso ver - é uma obra literária que não fica devendo nada a muitas outras obras similares de autores consagrados de nossa literatura.
Na verdade, o objetivo maior do Autor, com este seu trabalho, é prestar uma homenagem a seu velho pai, Custódio Moreira Santos, que, na realidade, é o verdadeiro protagonista desta obra. Ao longo da narrativa, seu Custódio é descrito pelo filho-escritor como um homem introspectivo e possuidor de um orgulho quase infantil, mas que tinha uma imensa riqueza de espírito e, embora não tivesse tido praticamente nenhuma oportunidade de estudar, um enorme talento para a poesia. Seu Custódio também era, como o filho o é, um verdadeiro poeta "de nascença".