O mundo, estarrecido, tenta captar, compreender e seguir o que não previra nem consegue controlar: a derrocada e o esfacelamento de um conjunto humano e geopolítico, plurinacional e pluricultural, ferreamente amalgamado em um único modelo societário, na continuidade descomunal de um espaço geográfico. Hoje, parece que tudo não passou de um, "impossible dream", trágico, por ter sido levado tão a sério; traumático, por deixar na história o sulco profundo e indelével de vítimas incontáveis; triste, por ter feito abortar sementes de alguns desafios e projetos, intuições e perspectivas válidos e dignos de um empenho continuado e lúcido para a humanização do próprio homem. A transformação que vemos operar-se no Leste é um parto doloroso, que recorda o que no Terceiro Mundo não tem sido uma fase, mas um estado permanente de economias em crise. O que nos levará a concluir, após a leitura deste bem-fundado relato de Marcello Azevedo que se há crise no mundo socialista, não o há menos no mundo capitalista, diante do que nos caberá indagar: Que faremos nós diante da decepção histórica deles? E eles diante de nossa não-resolução dos problemas mais fundamentais?